EXCLUSIVO: PF aponta conflito de interesses em atuação de advogado, delatado por Palocci, na defesa da Camargo Corrêa
Como revelou O Antagonista, a Operação Appius apreendeu planilhas e recibos com pagamentos da Camargo Corrêa ao escritório de Márcio Thomaz Bastos e diversas outras bancas de advocacia envolvidas na defesa da empreiteira na Castelo Areia. Para aprofundar a análise desse material, a Polícia Federal requisitou "todos os contratos" firmados pela Camargo Corrêa com esses escritórios, entre os anos de 2009 e 2011, assim como os registros de pagamentos realizados. Advogado da empreiteira, o criminalista Celso Vilardi negou-se a fornecer as informações...
Como revelou O Antagonista, a Operação Appius apreendeu planilhas e recibos com pagamentos da Camargo Corrêa ao escritório de Márcio Thomaz Bastos e diversas outras bancas de advocacia envolvidas na defesa da empreiteira na Castelo Areia.
Para aprofundar a análise desse material, a Polícia Federal requisitou “todos os contratos” firmados pela Camargo Corrêa com esses escritórios, entre os anos de 2009 e 2011, assim como os registros de pagamentos realizados.
Advogado da empreiteira, o criminalista Celso Vilardi negou-se a fornecer as informações, alegando que a investigação deveria se ater à atuação de Márcio Thomaz Bastos, “e não de todo e qualquer escritório que prestou serviços” à empreiteira.
A delegada Melissa Pastor, que coordena as investigações, reagiu.
Em ofício sigiloso, obtido por O Antagonista, ela afirma que todos os documentos apreendidos na operação estão relacionados ao caso, posto que os escritórios mencionados em planilhas e recibos da Camargo Corrêa foram contratados para atuar na Castelo de Areia.
E ressalta que um desses escritórios é o do próprio Vilardi, que foi citado pelo delator Antonio Palocci como suposto intermediário de propina ao então presidente do STF, Cézar Asfor Rocha. Segundo o ex-ministro, “terceiros lhe disseram que o advogado Celso Vilardi teria depositado US$ 5 milhões em conta de seu filho no exterior”.
Vilardi, por enquanto, não é investigado. Mas a delegada alerta para o claro “conflito de interesses em sua atuação como defensor da Camargo Corrêa. E o acusa de “tumultuar as investigações” ao recusar o pedido da PF.
“Em que pese ou elementos não terem sido colhidos para que esse advogado seja investigado, resta claro um conflito de interesses em sua atuação como defensor da Camargo Corrêa. Além disso, o próprio pedido, que alega impertinência das provas apreendidas e daquelas solicitadas, trata-se de uma medida que visa a tumultuar as investigações.”
Em nota a O Antagonista, Vilardi disse que a “defesa espera celeridade no desfecho desse caso” e acusa Palocci de “flagrante fraude processual” . “Os sigilos já foram abertos e não há quaisquer pagamentos ou sequer indicativo nesse sentido a corroborar a acusação.”
O advogado alega ainda que foi mal interpretado pela delegada.
“Ao receber ofício da Polícia Federal (ofício n. 28527/2019) requisitando dados contratuais e fiscais de 12 escritórios de advocacia, que não estavam citados na decisão de quebra de sigilo determinada pelo juízo da 6ª Vara Federal, na qualidade de advogado da companhia, imediatamente peticionei ao referido juízo, com o objetivo de esclarecer se a quebra de sigilo de todos esses escritórios estava ou não acobertada por decisão judicial. Isso porque é gravíssimo expor dados da relação cliente-advogado de escritórios que jamais foram citados na delação ou em investigação, alguns deles inclusive que sequer atuaram na esfera criminal. Assim, a busca por delimitar a entrega de dados de terceiros na forma da lei e de acordo com autorização judicial não pode se confundir com qualquer tentativa de atrapalhar as investigações.”
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