João Doria já está em 2022
João Doria, que pegou carona no bolsonarismo para eleger-se, desembarcou em 2019. Na tentativa de viabilizar sua candidatura à Presidência em 2022, o governador se contrapôs a Jair Bolsonaro e não perdeu uma oportunidade para se distanciar do presidente...
João Doria, que pegou carona no bolsonarismo para se eleger, desembarcou em 2019.
Na tentativa de viabilizar uma candidatura à Presidência em 2022, o governador se contrapôs a Jair Bolsonaro e não perdeu uma oportunidade para se distanciar do presidente.
Em agosto, por exemplo, condenou a indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada nos Estados Unidos: “Eu jamais nomearia meu filho nem ninguém da minha família para nenhuma função pública”.
E negou que tenha sido bolsonarista: “Bolsodoria não fui eu criei”.
Num momento de tensão entre Sergio Moro e o presidente, Doria fez afagos públicos ao ministro da Justiça.
Bolsonaro, por sua vez, disse que Doria “mamou” em governos do PT. Também ironizou uma eventual candidatura presidencial do tucano: “Esse está morto para 2022”.
E enfatizou a opinião de que o governador não tem chance de disputar a eleição: “É uma ejaculação precoce”.
A escalada do embate com Bolsonaro ocorreu ao mesmo tempo que o governador estendia o tapete para ex-aliados do presidente.
Em junho, o empresário Paulo Marinho, um dos maiores apoiadores da campanha de Bolsonaro, filiou-se ao PSDB e virou presidente estadual do partido no Rio.
Doria também convidou Gustavo Bebianno, ex-ministro de Bolsonaro, para se filiar ao PSDB. O mesmo gesto foi oferecido ao deputado Alexandre Frota, expulso do PSL. Os dois toparam.
Uma das maiores derrotas políticas de Doria neste ano ocorreu em agosto, quando o governador viu a cúpula do PSDB arquivar o pedido para expulsar o deputado Aécio Neves do partido.
Como mostrou a Crusoé, o diretório estadual do PSDB entrou em guerra interna pela expulsão do deputado mineiro. Guerra que continuou, no final do ano, na eleição do novo líder do PSDB na Câmara.
O projeto eleitoral de Doria, que tenta ser uma alternativa de centro ao bolsonarismo em 2022, ainda não tem respaldo do seu próprio partido. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, começa a projetar a sua sombra sobre a candidatura do governador paulista ao Planalto. Se Doria pretende ser a alternativa a Bolsonaro na próxima eleição presidencial, terá de enfrentar a agremiação da qual se achava dono — e que ele definiu como “centro-liberal”, na convenção nacional do partido, no começo de dezembro.
O ano termina com Doria tentando aprovar uma reforma de Previdência em nível estadual — origem daquela baixaria na Assembleia Legislativa — e ainda às voltas com o episódio dos policiais militares na favela de Paraisópolis, a segunda maior da capital paulista, durante um pancadão. Nove jovens morreram na ação. Doria afirmou primeiramente que a PM tinha seguido um “protocolo”. Diante do espanto e da indignação gerais, ele disse que era necessário mudar o “protocolo”. Até o fechamento desta retrospectiva, Doria havia voltado ao assunto para dizer que não iria acusar nem a comunidade nem a polícia. Quem disse que ele não é tucano da gema?
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