Confie em mim
Exatamente 10 anos atrás, eu, Diogo, peguei na internet o número de telefone do gabinete de José Janene e liguei para ele. Ele tentou me usar para passar um recado para o governo. Eu discordei. Agora, uma década mais tarde, releio a coluna que, naquela semana, publiquei na Veja. José Janene, aparentemente, está morto. Eu, aparentemente, continuo vivo. Vários dos nomes citados em nossa conversa sobre o Mensalão surgiram novamente no Petrolão. Em particular, o próprio José Janene, Lula e José Dirceu...
Exatamente 10 anos atrás, eu, Diogo, peguei na internet o número de telefone do gabinete de José Janene e liguei para ele.
Ele tentou me usar para passar um recado para o governo. Eu discordei.
Agora, uma década mais tarde, releio a coluna que, naquela semana, publiquei na Veja.
José Janene, aparentemente, está morto. Eu, aparentemente, continuo vivo. Vários dos nomes citados em nossa conversa sobre o Mensalão surgiram novamente no Petrolão. Em particular, o próprio José Janene, Lula e José Dirceu.
O Brasil parou nestes 10 anos. A década perdida.
O título da coluna, escolhido por meu parceiro de O Antagonista, Mario Sabino, era “Confie em mim”:
Telefonei para o deputado José Janene. Ele é um dos líderes do PP. Seu chefe-de-gabinete, João Cláudio Carvalho Genu, recebeu um dinheirão de Marcos Valério. Quando aderiu ao governo Lula, o PP tinha 43 deputados. Agora tem 55.
Eu: O senhor nega que o PP tenha recebido propina do governo Lula. Diz que o dinheiro de Marcos Valério foi empregado apenas para pagar dívidas de campanha eleitoral. O pagamento de dívidas de campanha eleitoral fazia parte das negociações entre o PP, os deputados cooptados pelo partido e o ministro José Dirceu em meados de 2003?
Janene: Eu só posso falar sobre o assunto em “off”.
Eu: Confie em mim.
Janene: Em primeiro lugar, meu chefe-de-gabinete, Genu, não recebeu tudo isso que estão dizendo. Foram 600.000 reais.
Eu: O pagamento desses 600.000 reais foi negociado com José Dirceu?
Janene: Serei extremamente didático: sim. Foi negociado entre o presidente do partido, Pedro Corrêa, o líder do partido, Pedro Henry, e o ministro da Casa Civil, José Dirceu. Na época, eu só tratava com Marcelo Sereno.
Eu: Foi o próprio José Dirceu quem encaminhou o PP a Delúbio Soares?
Janene: Claro. Foi ele.
Eu: Espero que o PP esclareça esses fatos em breve.
Janene: É o que pretendemos fazer.
Eu: Tem certeza de que não posso publicar nada disso?
Janene: Por enquanto, não. Pode colocar a informação numa matéria, mas sem me citar.
Eu: Confie em mim.
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