Agamenon: O Fracasso Subiu À Cabeça
Apesar da crise generalizada, os Jogos Olímpicos continuam e os brasileiros, sempre otimistas, comemoram qualquer coisa num maravilhoso clima de “já perdeu”. A verdade é que o Brasil não ganha nenhuma medalha porque os nossos atletas não sabem roubar. Se colocassem políticos, empresários e empreiteiros na delegação, eles iam levar o ouro todo...A Força Nacional já está montando um esquema especial para o Michael Phelps atravessar a Linha Vermelha com as suas medalhas penduradas no pescoço
Apesar da crise generalizada, os Jogos Olímpicos continuam e os brasileiros, sempre otimistas, comemoram qualquer coisa num maravilhoso clima de “já perdeu”. A verdade é que o Brasil não ganha nenhuma medalha porque os nossos atletas não sabem roubar. Se colocassem políticos, empresários e empreiteiros na delegação, eles iam levar o ouro todo.
O nosso fracasso olímpico é pura falta de planejamento. Os Jogos Olímpicos foram marcados muito em cima da hora. Não deu tempo para o país se preparar adequadamente para perder tantas medalhas e não bater nenhum recorde. Como todos sabem, com exceção dos nossos cartolas olímpicos, os Jogos ocorrem a cada quatro anos, sendo que o Rio de Janeiro foi escolhido só em 2009! Não teve tempo suficiente nem para o crime, sempre organizado, funcionar direito.
Mas nem tudo é fracasso e decepção. Infelizmente também ocorrem alguns contratempos. Mas são problemas de última hora, nada que uma gambiarra superfaturada não resolva. O tradicional “jeitinho brasileiro” acabou, agora somos o país da gambiarra. A gambiarra é uma espécie piorada de made in China só que com a marca Tabajara. Isso vale para tudo: da torneira da pia do banheiro até a seleção de futebol. Depois do Modernismo e do Tropicalismo, o Tabajarismo de Gambiarra é a nova revolução cultural brasileira. Não tem problema! Pode confiar, pessoal, porque tudo vai dar errado no final. Se ainda não deu, é porque ainda não é o final.
Proprietária da única medalha de ouro no Brasil até agora, a judoca Rafaela Silva, após a vitória, caiu em pranto convulsivo. Chorava e soluçava sem parar e, quando perguntaram o que ela queria, Rafaela respondeu na lata: um hambúrguer. A pobre criatura estava passando fome! Até aí nada de mais! O pior é que só foram levar a campeã ao McDonald’s depois de ela chorar no Jornal Nacional, no Caldeirão do Huck e no Esquenta da Regina Casé.
No quadro de medalhas, o Brasil disputa palmo a palmo com Tonga, Burkina Fasso, Suriname e outras potências do esporte mundial. Desconfiados do dinheiro gasto e dos resultados olímpicos, o juiz Sérgio Moro deu início à Operação Lava Tocha para descobrir aonde foi parar a grana que deveria ter chegado para os nossos atletas que, como sempre, acabaram chupando o dedo – os que ainda têm dedo para chupar (não podemos esquecer dos paralímpicos!). Aliás, daqui a pouco vai começar a Paralimpíada, em que o Brasil é campeão mesmo que os nossos atletas deficientes não tenham nenhum apoio, só das muletas.
Para um sujeito desempregado como eu, é muito difícil cobrir a Rio 2016. Já não ganho em reais, muito menos em dólar ou euro. Aqui no Parque Olímpico os preços são de Primeiro Mundo! Sou obrigado a passar o dia junto com os nossos atletas de rua, revirando lata de lixo em busca de comida ou de uma medalha usada, qualquer coisa serve. Mas o miserê não é só coisa de brasileiro. Os atletas da Venezuela estão trocando as suas medalhas por rolos de papel higiênico. Mas uma coisa ninguém pode negar: a Rio 2016 é totalmente ecológica: até a água da piscina é verde.
Agamenon Mendes Pedreira é atleta bi e pan sexual.
A Força Nacional já está montando um esquema especial para o Michael Phelps atravessar a Linha Vermelha com as suas medalhas penduradas no pescoço
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