“Prisão e asfixia econômica”
A procuradora Thaméa Danelon, do Ministério Público de São Paulo, explicou ao Estadão como se combate a corrupção: “prisão e asfixia econômica”...
A procuradora Thaméa Danelon, do Ministério Público de São Paulo, explicou ao Estadão como se combate a corrupção: “prisão e asfixia econômica”.
Leia sua resposta completa:
ESTADÃO: É uma boa medida pegar o corrupto pelo bolso?
THAMÉA DANELON: Sim, é extremamente necessária. São dois pontos que eu costumo dizer que são muito importantes: a prisão e a asfixia econômica. Tem que ser o dinheiro. Tanto que uma das ’10 Medidas’ é um outro requisito para a prisão preventiva: a possibilidade da prisão para recuperar o lucro obtido pelo crime e impedir que o investigado ou o réu se valha desse dinheiro que foi subtraído dos cofres públicos para dificultar obtenção das provas, para que o dinheiro desapareça e também pague seus advogados. Não é razoável que um ladrão que assalte a casa de uma pessoa, com esse dinheiro ele venha a pagar o advogado para defendê-lo. Asfixia econômica é importantíssima. É o poder econômico aliado com nosso sistema ultrapassado que resulta na impunidade. Os criminosos de colarinho branco, os grandes corruptos, contratam os melhores escritórios de advocacia com o intuito de só atrasar o processo. A defesa não é refutar os fatos, provar que os fatos não ocorreram e que o cliente é inocente. Tem casos em que é tão robusta a prova, que não tem como fazer a prova contrária. Então, os grandes escritórios, com excelente advogados, se valem dos meios legais, que infelizmente são previstos para procrastinar, atrasar. Eles arrolam testemunha em outro lugar do Brasil, fora do País, juntam ‘n’ documentos, se valem de mecanismos legais para atrasar, para que haja depois de 10 anos, que é a média de um caso de corrupção, tirando a Lava Jato, ocorra a prescrição, o cancelamento o processo. É necessária essa asfixia econômica”.
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