A década do entretenimento político
Os anos 2010 se aproximam do fim com a teledramaturgia entregando o que de mais instigante já se produziu sobre política na TV e cinema.
David Benioff dizia que Game of Thrones seria uma espécie de “Família Soprano na Terra-Média”, uma referência a O Senhor dos Anéis. Quando a série estreou na HBO, a audiência foi fisgada por uma narrativa focada na crua (e nua) disputa pelo poder. Não era bem uma história de dragões, mas uma trama política embutida numa fábula.
Assim começou a década de um tipo de entretenimento que passou a colocar a política como elemento central do show.
A HBO investiu em mais duas produções voltadas ao tema: Veep, uma comédia sobre uma vice-presidente dos Estados Unidos; e The Newsroom, drama sobre os bastidores de um telejornal fictício que cobria – com o atraso de poucos anos – acontecimentos reais.
Aaron Sorkin, criador da série The West Wing, também usou a política como pano de fundo para falar de jornalismo. Ele abriu o ‘episódio piloto’ explorando o debate polarizado entre direita e esquerda, que era interrompido por um monólogo cativante já nos primeiros minutos.
David Benioff dizia que Game of Thrones seria uma espécie de “Família Soprano na Terra-Média”, uma referência a O Senhor dos Anéis. Quando a série estreou na HBO, audiência foi fisgada por uma narrativa focada na crua (e nua) disputa pelo poder. Não era bem uma história de dragões, mas uma trama política embutida numa fábula.
Assim começou a década de um tipo de entretenimento que passou a colocar a política como elemento central do show.
Não à toa, a HBO investiu em mais duas produções voltadas ao tema: Veep, uma comédia sobre uma vice-presidente dos Estados Unidos; e The Newsroom, drama sobre os bastidores de um telejornal fictício que cobria – com o atraso de poucos anos – acontecimentos reais.
Aaron Sorkin, criador da série The West Wing, também usou a política como pano de fundo para falar de jornalismo. Ele abriu o ‘episódio piloto’ explorando o debate polarizado entre direita e esquerda, que era interrompido por um monólogo cativante já nos primeiros minutos.
No início daquele 2012, Parks and Recreation disputou o primeiro de três Globos de Ouro. A série foi imaginada como um spin-off de The Office. Mas, da produção britânica, restou apenas o formato de documentário falso, além de Rashida Jones, atriz que participou de ambas. No roteiro, muita piada a respeito do cotidiano de uma repartição pública, e os embates ideológicos entre uma progressista (Leslie Knope) e um liberal clássico (Ron Swanson).
Em 2013, o subgênero viveu o auge com House of Cards. Na versão para a Netflix, Francis Urquhart foi rebatizado Frank Underwood. E o que era uma ironia fina do humor britânico dos anos 1990 converteu-se no discurso ácido da premiada interpretação de Kevin Spacey. O drama, contudo, não resistiu aos escândalos da vida pessoal do ator, encerrando-se na sexta temporada sob fortes críticas.
O Brasil demorou a aderir à onda. Flertou com o formato em 2015, com José Padilha dirigindo o piloto de Narcos em ritmo de Tropa de Elite, e Wagner Moura protagonizando as duas primeiras temporadas. Mas mergulhou de cabeça em 2018 com O Mecanismo, uma cria do mesmo cineasta.
Contudo, a excelência técnica elogiada na série sobre Pablo Escobar fez falta à produção sobre a Lava Jato, que, dentre tantos pontos criticáveis, precisou recorrer a nomes fictícios para personagens reais.
Em dado momento, a política ficou tão pop que, no mesmo verão, serviu de roteiro a super produções da DC (Batman vs Superman: A Origem da Justiça) e da Marvel (Capitão América: Guerra Civil).
Em 2017, até série de terror inspirava-se no noticiário político para assustar – caso da 7ª temporada de American Horror Story, cujo enredo se inicia na noite da eleição de Donald Trump.
A década se aproxima do fim com o formato em declínio. Game of Thrones encerrou a oitava temporada repetindo jogadas manjadas e explorando dragões, na ausência de um roteiro mais engenhoso. Assim como House of Cards, chegou ao fim sob vaias dos próprios fãs.
Talvez, o suspiro final tenha chegado com Chernobyl, reconstrução histórica da HBO sobre o desastre nuclear de 1986. Com produção esmerada, apresenta um retrato fiel de uma União Soviética moribunda.
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