Harvard só não tem cautela na hora da grana
A Universidade Harvard, aquela que escondeu a homenagem a André Esteves depois que ele foi preso, mas conservou os 25 milhões de dólares que recebeu do banqueiro, fez outra coisa feia: reteve durante um ano e meio o conteúdo do computador do historiador brasileiro Nicolau Sevcenko, que era professor da instituição...
A Universidade Harvard, aquela que escondeu a homenagem a André Esteves depois que ele foi preso, mas conservou os 25 milhões de dólares que recebeu do banqueiro, fez outra coisa feia: reteve durante um ano e meio o conteúdo do computador do historiador brasileiro Nicolau Sevcenko, que era professor da instituição. E, quando o entregou à viúva de Nicolau, a artista gráfica Cristina Carletti, o fez sem nenhuma cortesia.
Cristina Carletti enviou o seguinte relato a O Antagonista:
“Nicolau faleceu repentinamente em casa, em São Paulo, às vésperas de retornar ao trabalho na Universidade Harvard. Dois meses depois, em outubro de 2014, estive em Harvard. Nessa ocasião Michael Holmes, administrador do Department of Romance Languages and Literatures, obteve minha permissão para que a universidade tivesse pleno acesso ao conteúdo do notebook funcional do meu marido. Com a promessa de que os arquivos pessoais me fossem enviados brevemente.
Aguardei com justificada ansiedade: Nicolau deixou um livro inacabado. Venho reunindo e organizando o material elaborado em anos de pesquisa e pretendo publicá-lo.
Mas nada recebi por um ano e meio, além da informação de que a decisão estava nas mãos do deão da Faculty of Arts and Sciences, pessoa ‘extremamente cautelosa’, segundo Peter Katz, ‘university attorney’ do General Counsel de Harvard. Nem meu advogado, diplomado em Harvard aliás, pôde alcançar o sentido disso.
Mesmo inconcluso, o livro em preparo será importante como tudo o que Nicolau publicou. Os arquivos que Harvard reteve contribuem como esperado no enriquecimento da edição. Mas ao retê-los por tanto tempo sem justificativa e enviá-los sem maneiras, o deão cauteloso revela o apreço que vê merecer a memória de um professor querido na instituição.”
Harvard só não tem cautela na hora de pegar grana de brasileiros suspeitos.
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