Governadores não vão aderir a programa de Lula para aliviar dívidas?
Os chefes dos Executivos estaduais ameaçam mobilizar as bancadas estaduais para derrubar os vetos no Congresso
Governadores da oposição ficaram frustrados com os vetos do presidente Lula (PT) a trechos do Propag, programa criado para aliviar as dívidas dos estados, e ameaçam não aderir ao projeto sancionado na terça-feira, 14, pelo petista, além de mobilizar as bancadas estaduais para derrubar os vetos no Congresso.
Os vetos mais críticos, na avaliação dos estados mais endividados, são o fim da possibilidade de os estados que aderirem ao programa continuarem no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), programa de socorro criado em 2017 para entes em grave situação financeira, e a restrição ao uso do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR) para abater parte da dívida com a União.
Segundo a Folha de S.Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul estão entre os estados que avaliam não aderir ao programa de Lula por considerarem as regras sancionadas prejudiciais no curto prazo.
Indignação
No X, o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), manifestou “extrema preocupação e indignação” com os vetos do petista.
“Os vetos trazem um prejuízo inaceitável para o povo gaúcho, gerando uma perda de cerca de R$ 5 bilhões dos valores que deveriam ficar aqui para investimentos na reconstrução após as enchentes”, afirmou.
“Com os vetos, para aderir ao Propag o Rio Grande do Sul fica obrigado a repassar valores para um fundo, criado para compensar os Estados em melhor situação fiscal. Na prática, voltaríamos a repassar valores à União, contrariando a suspensão da dívida pelo período de três anos, cujos valores estão sendo destinados ao Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs) para reconstrução”, acrescentou.
“Já estamos em diálogo com a nossa bancada federal para encaminhar toda a articulação possível buscando a derrubada no Congresso desses vetos, que representam um descumprimento inaceitável dos compromissos assumidos durante a tramitação do projeto de lei. Não vamos aceitar esse descaso com o povo gaúcho, que tanto sofreu com a calamidade, e será novamente penalizado com essa medida do governo federal”, completou.
Federalismo “golpeado pelas costas”
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), disse que a terça foi um “dia triste para o federalismo”.
“A decisão do Palácio do Planalto em mutilar, com vetos, o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) é um duro golpe não só para o Rio de Janeiro, mas para o país. O federalismo brasileiro foi golpeado pelas costas.
Essa negociação, na qual técnicos do governo federal participaram ativamente e que motivou a aprovação unânime das duas casas legislativas, mostra a falta de palavra e compromisso republicano que permeiam esses vetos!
Mostra a total falta de compromisso com o diálogo institucional que tanto tem sido bradado quando interessa!
Vetar o uso do Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR), aprovado na reforma tributária, para o abatimento da dívida e permitir assim que os estados possam abater 20% das suas dívidas e ingressar em um ambiente de menos juros, na prática, mata o programa.
E lembro: a revisão das dívidas dos estados não é um tema de hoje. Há dois anos, iniciamos esse debate dentro do consórcio que reúne os estados do Sul e Sudeste (Cosud), e que, juntos, representam mais de 75% de todas as riquezas do Brasil.
Celeiro da indústria nacional, berço do petróleo, da pecuária e do turismo, e que, juntos, detêm mais de 90% das dívidas com a União.”
“Dinheiro para sustentar privilégios e mordomias”
Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, também criticou os vetos de Lula.
“O governo federal quer que os estados paguem a conta de sua gastança. Com vetos ao PROPAG, Lula quer obrigar os mineiros a repassar R$ 5 bi a mais em 25/26, apesar do recorde de arrecadação federal: R$ 2,4 trilhões em 2024. É dinheiro para sustentar privilégios e mordomias.
Enquanto os estados lutam para equilibrar contas, o Planalto mantém 39 ministérios, viagens faraônicas, gastos supérfluos no Alvorada e um cartão corporativo sem transparência. Até quando o contribuinte vai bancar essa desordem?”
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)