Caso Marielle: Quaquá gera racha no PT ao defender família Brazão
"Tirem o nome da minha irmã da boca de vocês!”, disse a ministra Anielle Franco no X
Washington Quaquá, prefeito de Maricá (RJ) e vice-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, desencadeou uma crise interna no partido ao postar uma foto com familiares de Domingos Brazão, acusado de ser mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco.
Na publicação, Quaquá defendeu a inocência de Domingos e de seu irmão Chiquinho Brazão, ambos réus no Supremo Tribunal Federal (STF).
Quaquá afirmou conhecer pessoalmente os irmãos Brazão e declarou ter estudado o processo judicial, garantindo não haver provas contra eles. “Li todo o processo e não há sequer uma prova contra eles!”, escreveu em suas redes sociais.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, reagiu prontamente, repudiando a manifestação de Quaquá. Em publicação no X, antiga Twitter, Anielle expressou indignação:
“Depois de tudo que a gente passou, ver pessoas usarem o nome da minha irmã sem responsabilidade é inaceitável. Lutamos por justiça, não por narrativas irresponsáveis. Tirem o nome da minha irmã da boca de vocês!”
Anielle também prometeu acionar a Comissão de Ética do PT contra Quaquá. A presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, somou-se às críticas, classificando a declaração como de “caráter exclusivamente pessoal” e reafirmando o compromisso do PT com a busca por justiça no caso Marielle Franco.
“O PT luta desde o primeiro momento para que a Justiça seja feita por Marielle e Anderson, com punição para todos os criminosos, e repudia as manifestações do prefeito sobre os réus e o processo”, escreveu Hoffmann, destacando a seriedade das investigações conduzidas pela Polícia Federal e respaldadas pelo STF.
Os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão foram presos em março de 2024, acusados de ordenar o assassinato de Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. O depoimento de Ronnie Lessa, executor confesso do crime, foi fundamental para implicar os Brazão como mandantes. Lessa foi condenado a 78 anos de prisão em outubro de 2024, após admitir sua participação no assassinato que chocou o Brasil.
As investigações indicaram que os irmãos Brazão utilizavam influência política e alianças estratégicas para proteger seus interesses e que a morte de Marielle teria relação com disputas de poder e exposição de práticas criminosas.
Setores do partido avaliam que a posição de Quaquá enfraquece a luta por justiça e pode ser usada por adversários políticos para deslegitimar a narrativa histórica do PT no caso Marielle Franco. Outros, porém, pedem cautela, argumentando que divergências de opinião não deveriam se transformar em rachas públicos.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)