Brasil suspende emissão de vistos para BYD após denúncias de escravidão
Força-tarefa encontrou 163 chineses em condições análogas às de escravo trabalhando nas obras da montadora chinesa em Camaçari
O governo brasileiro suspendeu a emissão de vistos de trabalho temporários para a montadora de automóveis elétricos chinesas BYD, informou o Ministério das Relações Exteriores nesta sexta-feira. 27.
A decisão foi tomada após a identificação de 163 trabalhadores chineses em condições análogas à escravidão em uma obra da empresa em Camaçari, Bahia.
Os trabalhadores, vinculados ao grupo Jinjiang, estavam em situação irregular, segundo as autoridades. O grupo negou irregularidades.
De acordo com o Itamaraty, os trabalhadores entraram no Brasil com vistos temporários tipo 5, destinados a pessoas com formação e experiência específicas para atividades que exigem mão de obra especializada. No entanto, fiscais do Ministério Público do Trabalho afirmaram que os trabalhadores foram vítimas de tráfico humano.
Segundo a Reuters, o Ministério da Justiça solicitou a suspensão da emissão dos vistos em 20 de dezembro, três dias antes de o caso ser divulgado. O pedido foi encaminhado à embaixada brasileira em Pequim, responsável pela emissão dos vistos.
O Ministério da Justiça informou que acompanha as investigações e, caso seja comprovado o desrespeito à legislação migratória, as autorizações de residência concedidas serão canceladas.
A lei de imigração permite a emissão de vistos temporários de trabalho mediante aprovação do Ministério do Trabalho e com requisitos como formação ou experiência específica.
No caso dos operários contratados pela Jinjiang, essas condições não foram atendidas.
Escravidão
Na segunda, 23, uma força-tarefa com 40 servidores públicos encontrou 163 chineses em condições análogas às de escravo trabalhando nas obras da BYD em Camaçari, na Bahia.
De acordo com o Repórter Brasil, “os contratos previam jornada de dez horas por dia, seis dias por semana, com possibilidade de extensão, o que levada a uma jornada semanal de 60 a 70 horas – muito maior do que o limite legal no Brasil de 44 horas“.
Além disso, um dos alojamentos registrava 31 trabalhadores para um único vaso sanitário, levando os operários a terem que acordar às 4 horas da manhã para enfrentar uma fila.
Carro do Lula
Lula recebeu no Palácio da Alvorada, em 24 de janeiro, representantes da BYD.
Na ocasião, o presidente da República recebeu um carro elétrico da montadora, para ser usado até janeiro de 2025. A primeira-dama Janja já apareceu nas redes sociais dirigindo o veículo.
Segundo a Folha de S.Paulo, o carro se tornou agora motivo de constrangimento para o petista, que é o maior expoente do Partido dos Trabalhadores (PT).
“O uso de trabalhadores em situação análoga à de escravos na construção da fábrica da BYD, na Bahia, deixou integrantes do governo federal constrangidos. Até o presidente Lula usa um carro cedido em comodato pela montadora chinesa de elétricos“, diz o jornal.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)