Ex-agentes do Mossad detalham operação com pagers contra Hezbollah
Ação que culminou na eliminação de 30 terroristas contou com a intermediação de empresa taiwanesa
Dois ex-agentes israelenses aposentados revelaram novos detalhes da histórica operação, em setembro deste ano, que culminou na explosão de bipes e walkie-talkies de terroristas do Hezbollah.
Sem revelar a identidade, um dos ex-espiões do serviço de inteligência Mossad disse que a operação, que culminou na eliminação de 30 terroristas libaneses, começou há 10 anos.
“Criamos um mundo de mentira“, afirmou em entrevista ao canal CBS.
Em 2022, o Mossad descobriu que o Hezbollah comprava pagers de uma empresa com sede em Taiwan.
Segundo o outro ex-agente, os aparelhos produzidos ficaram maiores do que o padrão para conseguir comportar os explosivos que estavam escondidos.
Eles explicaram que houve uma série de testes em manequins para alcançar a letalidade desejada, sem que civis fossem acertados. Além disso, os israelenses testaram vários toques para que os terroristas tivessem a urgência de atender ao mesmo tempo.
Convencimento
Um dos agentes, que infiltrou-se no Hezbollah, revelou que o grupo ficou reticente a comprar o novo dispositivo maior. Eles não sabiam que compravam de israelenses.
Durante uma semana, um intermediário usou vídeos falsos do YouTube para convencê-los de que aquisição dos modelos mais modernos seria mais seguro.
O Mossad usou ainda empresas de fachada, incluíndo uma sediada na Hungria, para enganar a empresa taiwanesa e, depois, conseguir vender ao Hezbollah.
“Quando compram de nós, não têm ideia de que estão comprando do Mossad“, afirmou.
A ativação
No dia 17 de setembro, o Mossad ativou remotamente todos os pagers explosivos no Líbano. Havia 5.000 aparelhos nos bolsos dos membros do grupo.
Os terroristas receberam uma mensagem criptografada com a instrução para que pressionassem dois botões, o que desencadeou nas explosões:
“Se eles não apertassem os botões, ele ainda explodiria“, disse o segundo ex-agente.
No dia seguinte, uma nova ação do Mossad eliminou novos terroristas durante funerais dos que morreram na véspera.
Segundo os agentes, a operação eliminou 30 terroristas do Hezbollah e deixou mais de 3.000 feridos.
Além disso, os dois destacaram o “preço psicológico“ da ação:
“As pessoas estavam com medo de ligar seus aparelhos de ar condicionado no dia seguinte porque achavam que poderiam explodir.”
Os agentes revelaram, contudo, que não vão poder usar a mesma estratégia no futuro.
“Já passamos para a próxima coisa. E eles terão que continuar tentando adivinhar qual será o próximo passo.”
Leia mais: “Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano”
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