Apoio de Musk ao AfD reacende atrito com Parlamento Europeu
"Em tempos como este, é inaceitável que o maior influenciador global na plataforma X declare apoio a um partido extremista", disse Thierry Breton, ex-Comissário Europeu
O apoio declarado de Elon Musk, proprietário da plataforma X, ao partido Alternativa para a Alemanha (AfD), em um contexto próximo das eleições federais programadas para 23 de fevereiro de 2025, gerou preocupações acerca de uma possível interferência eleitoral.
Essa avaliação foi feita por Thierry Breton, ex-Comissário Europeu, que questionou o impacto desse apoio em um momento delicado para a política alemã.
Na última sexta-feira, 20 de dezembro, Musk publicou uma mensagem que se tornou viral, acumulando cerca de 50 milhões de visualizações entre sexta-feira e domingo. A declaração veio em resposta a um vídeo da influenciadora digital alemã Naomi Seibt, associada ao AfD, na qual Musk afirmou: “Somente o AfD pode salvar a Alemanha”.
O ex-Comissário Thierry Breton não hesitou em criticar publicamente essa posição, dirigindo-se à presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, e ao presidente do Conselho Europeu, António Costa.
Ele ressaltou a gravidade do apoio de Musk ao partido classificado como extremista de direita em três estados alemães pelo serviço de proteção constitucional: “Em tempos como este, é inaceitável que o maior influenciador global na plataforma X declare apoio a um partido extremista. Não seria isso uma clara forma de interferência estrangeira? É necessário acabar com a aplicação desigual das regras e implementar o #DSA (Digital Services Act) na Europa”.
“Interferência americana”
A reação de Musk não tardou. Ele respondeu à crítica afirmando: “A interferência americana é a única razão pela qual você não fala alemão ou russo hoje”, aludindo ao papel dos EUA na Segunda Guerra Mundial.
Essa troca de farpas reflete um histórico de desavenças entre os dois, especialmente em relação à falta de moderação na plataforma X, que tem sido alvo de investigações da Comissão Europeia.
As preocupações levantadas giram em torno da possibilidade de manipulação do algoritmo da plataforma X para favorecer postagens específicas, prática que contraria o DSA.
Caso se confirme que o conteúdo relacionado a Musk está sendo promovido artificialmente pela plataforma, isso poderia ser interpretado como interferência nas eleições.
Situação semelhante já foi observada recentemente na Romênia, onde a Comissão Europeia abriu uma investigação sobre o TikTok após anulações eleitorais.
Musk e Trump
A estreita relação de Musk com Donald Trump também levanta dúvidas sobre como a União Europeia vai lidar com os desafios impostos pela plataforma X nos próximos meses.
Em julho deste ano, a Comissão Europeia já havia notificado formalmente X sobre três infrações alegadas: engano aos usuários em relação às marcações azuis que certificam informações, falta de transparência nas publicidades e não conformidade com as obrigações de acesso a dados por pesquisadores autorizados.
Até o momento, nenhuma investigação sobre as estruturas algorítmicas da plataforma foi anunciada.
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