A irresponsabilidade fiscal de Lula e sua maior vítima: o mais pobre
Deputados do PT fizeram contorcionismo retórico ao tentar defender uma medida que, no passado, criticavam de forma ostensiva
A irresponsabilidade fiscal do presidente Lula colocou a sua própria base parlamentar em uma sinuca de bico na noite de quarta-feira, 18, durante a sessão em que a Câmara tentou votar o pacote de medidas do ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Foi sintomático (anedótico, diria) ver integrantes do PL defendendo com afinco adolescente a manutenção das atuais regras do Benefício de Prestação Continuada, vulgo BPC, enquanto deputados do PT e do PCdoB tinham a inglória tarefa de fazer contorcionismo retórico para defender a medida apresentada por Haddad.
Em meio a um governo viciado em gastos e diante de um dólar que já está deixando o Sistema Solar, coube aos deputados do PT — eles mesmos — a missão de defender medidas extremamente duras para um dos principais segmentos do eleitorado de Lula: os trabalhadores e pessoas de baixa renda.
“Povo educado não vota em petista”
“Hoje este Congresso, esta Câmara dos Deputados vai votar um projeto para cortar o BPC dos mais pobres, para cortar o Bolsa Família dos mais pobres e, é claro, para cortar investimentos da educação, afinal, o povo educado não vota em petista”, disse durante a discussão o deputado Maurício Marcon (Podemos-RS)
“A exigência de biometria e renovação do CadÚnico cria barreiras que podem excluir beneficiários legítimos. Trata-se de uma burocracia desumana, enquanto grandes devedores e privilégios fiscais continuam sem ser enfrentados”, acrescentou durante a sessão plenária o deputado Zacharias Calil (União-GO).
Essa falta de compromisso do governo Lula ao longo de 2024 com as questões fiscais colocou no colo da oposição um discurso simples, palatável e eleitoralmente interessante: a defesa de uma proposta para restringir o pagamento de supersalários (item flexibilizado da PEC após alterações na Câmara) aliada à manutenção das regras para o abono salarial e para o BPC.
Se o dólar não fosse apenas o único problema para o governo, agora Lula e companhia estão sendo obrigados a lidar com a possibilidade de perda do seu único discurso: o de defesa dos mais pobres.
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Comentários (1)
EUD
19.12.2024 07:36Concordo COMPLETAMENTE : "POVO EDUCADO, NÂO VOTA EM PETISTA" !!!!!!!!!!!