O Ocidente negligencia a proteção da minoria cristã do Oriente Médio?
A captura de Alepo por uma aliança de jihadistas sírios lançou uma sombra inquietante sobre o futuro dos 25 mil cristãos que residem na cidade
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, as minorias cristãs no Oriente Médio têm sido peões em conflitos externos e internos. Incapazes de se proteger ou contar com ajuda eficaz do Ocidente, sofreram as consequências de disputas entre sionistas e árabes e entre facções islâmicas rivais.
Segundo o escritor e jornalista francês, Renaud Girard, a postura ocidental ao longo das décadas tem sido negligente por não defender efetivamente os cristãos orientais. Culturalmente próximos ao Ocidente, esses grupos frequentemente foram abandonados à própria sorte em regiões conflituosas.
Em artigo publicado no jornal Le Figaro, Girard afirma que o Ocidente precisa reavaliar sua abordagem no Oriente Médio e que priorizar a defesa das minorias cristãs pode não apenas reparar erros passados, mas também restabelecer uma política externa mais coerente e justa nessa região turbulenta.
Captura de Alepo
A captura de Alepo por uma aliança de combatentes jihadistas sírios lançou uma sombra inquietante sobre o futuro dos 25 mil cristãos que residem na cidade.
Este acontecimento ressalta a contínua negligência dos países ocidentais na proteção das minorias cristãs na região do Oriente Médio e suscita preocupações legítimas sobre a segurança da população cristã local.
Desde a expansão islâmica, no século VII, muitos que viviam na região se converteram ao Islã para evitar a jizya, um imposto pago por não-muçulmanos em troca de proteção. Essa conversão massiva alterou profundamente o tecido religioso da região.
Historicamente, a minoria cristã nessa região tem enfrentado deslocamentos forçados, como o ocorrido em Idlib em 2018.
A ascensão do islamismo sunita desde a invasão do Iraque em 2003 ameaça comunidades cristãs que remontam aos tempos apostólicos, levantando questões sobre sua sobrevivência.
Guerra civil síria
Na guerra civil síria iniciada em 2011, os países ocidentais demonstraram uma compreensão limitada das complexidades locais e falharam em proteger as minorias vulneráveis.
Em 2016, quando as forças sírias retomaram Alepo com apoio russo, os rebeldes jihadistas foram relocados para Idlib sob mediação russa. Entretanto, os acordos de cessar-fogo estabelecidos entre Rússia, Irã e Turquia em 2017 não conseguiram encerrar a guerra civil síria, apenas a suspenderam temporariamente.
O conflito atual é alimentado pela ação estratégica da Turquia que, junto a voluntários estrangeiros, explora as fraquezas do eixo xiita para atacar o regime sírio de Bashar al-Assad. A comunidade cristã encontra-se vulnerável nesta nova ofensiva jihadista.
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