De olho nos juros, PT quer intensificar pressão contra Campos Neto
Partido estuda uma frente para pressionar o presidente do Banco Central a, pelo menos, manter taxa no atual patamar de 11,25%
Diante da possibilidade cada vez mais concreta de um aumento de até um ponto percentual na taxa de juros durante a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para os dias 10 e 11 de dezembro, integrantes do PT começaram a defender uma ação para pressionar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (foto), a pelo menos manter a taxa de juros em 11,25% ao ano.
Em novembro deste ano, o Banco Central elevou a taxa Selic de 10,75% ao ano para 11,25% ao ano. Agora, com a pressão sobre o dólar, a expectativa é que a Selic em dezembro chegue ao patamar de 12,25% ao ano.
Na semana passada, a presidente da Executiva Nacional do PT, Gleisi Hoffmann, já iniciou essa nova investida contra Campos Neto e os atuais integrantes do Banco Central.
“O BC de Campos Neto não fez nada para conter a especulação desencadeada desde ontem que já levou o dólar a seis reais. A Fazenda já esclareceu que a isenção de IR até 5 mil reais será vinculada à nova alíquota para quem ganha mais de 50 mil reais por mês, sem prejuízo para a arrecadação”, disse Gleisi, que complementou.
“Era obrigação da ‘autoridade monetária’ intervir no mercado contra a especulação desde seu previsível início, com leilões de swap, exigência de depósitos à vista e outros instrumentos que existem para isso. É um crime contra o país”, afirmou.
Além de posts nas redes sociais, integrantes do PT estudam, por exemplo, a possibilidade de apresentação de requerimentos e convites a Roberto Campos Neto tanto na Câmara quanto no Senado para esclarecer a política de aumento da taxa de juros no Brasil, conforme apurou este portal.
A pressão contra Roberto Campos Neto com a alta do dólar
O dólar comercial fechou na sexta-feira última, 29, a R$ 6,005, pela primeira vez na história da taxa cambial acima dos R$ 6, após o anúncio do pacote de corte de gastos públicos.
Em três dias, o dólar subiu R$ 0,09 desde a quarta-feira, 27, quando fechou em R$ 5,91. Nesta segunda-feira, 2, a moeda norte-americana ainda opera em alta.
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Desconfiança
A disparada é resultado da dificuldade do governo Lula, cuja economia é comandada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de convencer com suas promessas de responsabilidade fiscal.
“Vamos ver como isso acomoda”, comentou Haddad sobre a alta do dólar, que atribuiu a um “ruído” causado pelo “debate sobre a renda”, que não é um assunto que vai ser resolvido em três semanas, segundo ele. Mas quem colocou na mesa o “debate sobre a renda” foi o próprio governo Lula.
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