Dólar a R$ 6, ‘risco calculado’ de Lula e o fim do sonho Disney
Decisão do presidente da República de vincular ajuste fiscal a aumento de faixa de isenção do Imposto de Renda pode prejudicar a classe média
O governo Lula conseguiu mais uma vez. Ao simplesmente ignorar regras simples do mercado – previsibilidade, cautela, austeridade fiscal -, Lula e companhia conseguiram, de uma tacada só, desestabilizar a economia brasileira e, de quebra, tirar Jair Bolsonaro e seus principais aliados das cordas, em uma semana cujo noticiário tinha sido monopolizado pelas conclusões da Polícia Federal no inquérito sobre a suposta tentativa de golpe de Estado no país.
Talvez o fato mais inacreditável dessa história toda é que, conforme O Antagonista apurou, partiu do próprio presidente da República a ideia de vincular o anúncio do corte de gastos ao aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais ao mês.
A ideia de Lula era simples: bate de um lado, assopra de outro. Ao longo dos próximos dias, o PT deve investir na narrativa de que tudo não passa de um erro de comunicação; que tudo é culpa da Secretaria de Comunicação e que o “Deus Mercado” não entendeu direito a mensagem do governo federal.
Quando Lula vincula a discussão do aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para tentar agradar a classe média, o presidente da República esquece de um detalhe simples: quem vai pagar a conta é a própria classe média. Pior, a classe média mais os pobres. O governo argumenta que custeará a isenção do IR com a taxação dos super-ricos. Ledo engano.
Uma economia sem previsibilidade, sem confiança dos investidores, sem perspectiva, tende a sofrer com juros mais altos e com uma taxa cambial mais elevada. Isso é lição básica de economia. E não precisa ser gênio para entender como esse mecanismo funciona.
Não adianta a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, culpar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nem os parlamentares do PT criticarem a postura do ‘mercado malvadão’. Lula errou feio com a tática do “tira com uma mão e dou com a outra”.
Agora, o petista vai ter que arcar com as consequências. Se o presidente da República imaginava que iria encantar a classe média com esse anúncio irresponsável de ontem, ele precisa rever os seus conceitos.
Afinal de contas, essa nova classe média brasileira até pode perdoar a manutenção de um tributo com o qual já estava acostumado e até toparia pagar uma CPMF, por exemplo… Mas Lula precisa entender que ao conseguir elevar o valor do dólar, o sonho dessa classe média de ir para a Disney, por exemplo, fica cada vez mais distante. E isso sim é imperdoável. Não vamos longe: esse foi um dos motivos pelos quais Dilma é tão odiada pela classe média brasileira.
Ou seja: se depender de Haddad e Lula, o brasileiro terá menos Disney e terá mais Beto Carrero World.
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