Em um movimento que reflete uma abordagem semelhante àquela adotada pela União Soviética durante os anos finais da Guerra Fria, a Rússia anunciou um substancial aumento em seus gastos militares.

Nesta quarta-feira, 27 de setembro, o parlamento russo deu seu aval a uma elevação de quase 30% no orçamento de defesa para o próximo ano.

Este incremento reafirma a centralidade das forças armadas no cenário fiscal do país, em meio ao prolongado conflito na Ucrânia.

O aumento dos gastos militares já vinha se consolidando desde o início das hostilidades em 2022, quando Moscou começou a destinar recursos significativos para garantir a produção de armamentos como mísseis e drones, além de assegurar salários mais atrativos para suas tropas.

No ano inicial do conflito, o investimento foi de 5,5 trilhões de rublos. Já para 2025, quarto ano da chamada “operação militar especial”, o orçamento prevê um recorde de 13,5 trilhões de rublos (aproximadamente R$ 706,9 bilhões), superando os valores combinados destinados a setores como bem-estar social e educação.

Deste montante, cerca de 10% será alocado para remunerações dos militares, agora no maior número desde o colapso soviético. O salário inicial anual para soldados na linha de frente está estipulado em 3,25 milhões de rublos.

Os recursos destinados à defesa representarão 32% do total das despesas orçamentárias previstas para 2025, alcançando 6,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa proporção assemelha-se ao período em que a União Soviética conduzia operações no Afeganistão e mantinha um arsenal nuclear robusto durante a Guerra Fria.

Cabe destacar que as cifras recentemente aprovadas não abrangem alguns fundos destinados à campanha militar russa, como aqueles classificados sob “segurança doméstica” ou outros selados com ultrassecretismo.

Para a mesa de Putin

O orçamento agora segue para a mesa do presidente Vladimir Putin, aguardando sua assinatura para entrar em vigor.

A sustentação financeira deste esforço militar contínuo recai sobre as receitas provenientes do petróleo e gás da Rússia. No entanto, projeções indicam uma redução nesses ganhos entre 2025 e 2027 devido à queda nos preços das commodities e alterações tributárias. A Gazprom, principal produtora de gás do país, deverá experimentar uma diminuição em sua carga fiscal.

Prevê-se que a receita advinda da venda de petróleo e gás caia para 10,9 trilhões de rublos em 2025, correspondendo a 5,1% do PIB russo. Em comparação, para o ano corrente, essa receita estava estimada em 11,3 trilhões de rublos.

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