A política francesa atravessa um momento delicado com a possível queda do governo minoritário liderado pelo Primeiro-Ministro Michel Barnier. O Rassemblement National (RN), partido de direita sob a liderança de Marine Le Pen, que até então vinha tolerando o governo de Barnier, sinaliza agora uma mudança de postura que pode resultar em um voto de desconfiança.

Marine Le Pen, figura central na oposição francesa, enfrenta um período crítico em sua carreira política.

Acusada de empregar falsamente assistentes no Parlamento Europeu, ela enfrenta a possibilidade de uma sentença de cinco anos de prisão, sendo três em regime condicional, além de uma proibição de cinco anos para exercer cargos públicos. Esse julgamento pode comprometer suas aspirações presidenciais para 2027.

Projeto orçamentário de 2025

A decisão de Le Pen em potencialmente retirar seu apoio ao governo vem na esteira da insatisfação com o projeto orçamentário de 2025, proposto por Barnier.

O orçamento tem gerado controvérsias devido às medidas impopulares como o aumento de impostos sobre eletricidade e reformas no sistema previdenciário.

Após reunião recente com Barnier, Le Pen deixou claro que não hesitará em apoiar um voto de desconfiança caso o orçamento seja aprovado sem alterações significativas.

Pressão à direita e à esquerda

O governo de Barnier, até então apoiado por Le Pen encontra-se pressionado tanto pela esquerda quanto pela direita.

Para contornar a resistência parlamentar, Barnier considera invocar o artigo 49.3 da Constituição, permitindo aprovar o orçamento sem votação parlamentar. No entanto, essa estratégia arriscada pode intensificar as tensões políticas e resultar em sua destituição.

Segundo analistas políticos como Olivier Costa, a situação atual beneficia Le Pen ao desviar a atenção do processo judicial que enfrenta e ao explorar o descontentamento público com as políticas governamentais.

Voto de desconfiança

Pesquisas recentes indicam que 53% dos franceses apoiam um voto de desconfiança contra Barnier, número que sobe para 73% entre os eleitores do RN.

Le Pen anteriormente justificava seu apoio ao governo como uma medida para evitar caos e instabilidade.

Contudo, diante das acusações e da crescente insatisfação popular com as medidas fiscais propostas, a líder nacionalista parece disposta a mudar sua estratégia política e enfrentar as consequências que dela possam advir.

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