Caiado, sobre indiciamento de Bolsonaro: “E daí? A vida continua”
Governador de Goiás reafirmou que será candidato à Presidência, em 2026, e que lançará a candidatura depois do Carnaval
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (foto), quebrou o silêncio sobre o indiciamento de Jair Bolsonaro no inquérito da Polícia Federal sobre uma trama golpista. Questionado sobre o tema, na noite de sábado, 23, ele afirmou:
“E daí? A vida continua. Agora tem dois anos que é só essa discussão no Brasil. O governo não tem uma proposta. Eu sou governador do estado. Se eu fosse ficar preocupado com as pequenas coisas, eu não governaria.”
A declaração foi feita durante o jantar de abertura da 55ª Convenção da Confederação Israelita do Brasil (Conib), em São Paulo.
Caiado reafirmou que será candidato à Presidência da República, em 2026, e que lançará a candidatura depois do Carnaval, em Salvador.
Disse ainda não ter problema nenhum com Bolsonaro.
“Todos sabem que eu sempre apoiei mesmo ele lançando um candidato contra mim em Goiânia, mas nós fomos vitoriosos”, afirmou o governador à Folha.
A relação entre Caiado e Bolsonaro
A relação entre Ronaldo Caiado e o ex-presidente Jair Bolsonaro continua marcada pelo distanciamento após a eleição municipal de Goiânia.
O governador de Goiás deixou claro que não pretende buscar uma reconciliação. Ele considera que a “descortesia” foi iniciada pelo ex-presidente. Para Caiado, o passo para superar o impasse deve partir de Bolsonaro, que, segundo o governador, não demonstrou nenhum sinal de arrependimento ou tentativa de reconciliação.
“Não recebi nenhuma ligação. Eu não sou o autor de nenhum movimento de descortesia, então não vou (tomar a iniciativa de pedir desculpas)”, disse Caiado recentemente ao jornal O Globo, reafirmando sua postura firme diante das ofensas que recebeu durante o pleito de Goiânia.
O episódio que gerou a animosidade foi o apoio explícito de Bolsonaro a Fred Rodrigues, candidato do PL, que, embora tenha contado com a presença constante do ex-presidente em eventos na cidade, acabou derrotado. O vencedor da eleição foi Sandro Mabel, do União Brasil, apoiado pelo governador. Durante a campanha, Bolsonaro fez críticas públicas a Caido durante seus discursos.
O que diz o ex-presidente
Questionado por O Antagonista, durante passagem no Senado, sobre as últimas declarações de Caiado a seu respeito, Bolsonaro rebateu a acusação de ser um líder que “precisa acordar” sobre a complexidade do cenário eleitoral no Brasil.
“O Caiado é uma pessoa que se você o desagrada, ele vira teu inimigo. Em quatro momentos, ele rompeu comigo, enquanto presidente da República. No momento agora, ele tinha um candidato, eu tinha outro”, afirmou.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (2)
Murillo Bueno
24.11.2024 10:15Foi muito claro o que houve entre Caiado e Bolsonaro. Caiado o acolheu após o período de vacas magras ,após o 8 de janeiro,Bolsonaro naquele momento só queria sobreviver a tempestade. Recentemente,com a possibilidade de anistia e volta da possibilidade de se tornar elegível ,Bolsonaro passou a atacar Caiado ,mostrando a semelhança com Lula ,que não quer ninguém ao seu lado,como possível candidato. Bolsonaro faz isso de maneira velada com Tarcísio,que inteligentemente nega ser candidato. Com a provável prisão de Bolsonaro,quero ver como seu ego irá lidar com a inteligência.Se quiser nomear um poste familiar,provavelmente irá perder,jogando fora a possibilidade de uma anistia futura. Se conseguir ter racionalidade nessa situação,deveria apoiar uma direita com menor rejeição e salvar sua pele .Mas é uma possibilidade pequena disso acontecer.
Luis Eduardo Rezende Caracik
24.11.2024 08:19Um de seus problemas, Caiado, é tratar este assunto como mera descortesia, o que significa sua tácita aceitação dos métodos e do autoritarismo de Bolsonaro, autoritarismo este que parece compartilhar. Não serve para ser presidente. Precisamos de gente com visão, determinação e coragem para realizar rupturas com coisas, políticas e posturas, que sabemos, não servem mais. Nunca o vi dizer uma palavra sobre causas fundamentais de nossos problemas, e caminhos para resolver. Só messianismos, e de messianismos, já nos basta os que nos foram proporcionados pelo messias passado, e pelo messias presente.