Fernández intimado por violência contra ex-mulher na Argentina
As denúncias incluem lesões graves e ameaças, e surgiram durante uma investigação de corrupção envolvendo o casal
A Justiça argentina convocou Alberto Fernández para depor em 11 de dezembro, em um processo que acusa o ex-presidente de agressão física e psicológica contra sua ex-esposa, Fabiola Yáñez. As denúncias incluem lesões graves e ameaças, e surgiram durante uma investigação de corrupção envolvendo o casal.
Conforme documentos judiciais, os episódios de violência ocorreram entre 2021 e 2022, quando Yáñez teria sido coagida a não denunciar os abusos. Fotos que mostram hematomas e trocas de mensagens entre os dois foram encontradas no celular de María Cantero, ex-secretária de Yáñez, e usadas como provas. “Ele é acusado de agredi-la no braço e no olho direito”, descreve o relatório.
Embora a relação tenha começado em 2014, Yáñez revelou que os episódios de violência datam de antes da presidência de Fernández, iniciada em 2019. O relacionamento terminou em 2024. Em agosto deste ano, a ex-primeira-dama apresentou uma denúncia formal, incluindo um áudio onde Fernández a insulta.
Em defesa, o ex-presidente negou as acusações e alegou em entrevista ao jornal espanhol El País: “Eu nunca bati em Fabiola. Passei anos com outras mulheres e nunca tive episódios dessa natureza”.
Denúncia expõe contradições do peronismo
A convocação de Alberto Fernández para depor em um caso de violência de gênero contra sua ex-mulher, Fabiola Yáñez, intensifica as críticas ao discurso feminista adotado pelos peronistas nos últimos anos. A denúncia, que envolve agressões físicas, psicológicas e abuso de poder, expõe as contradições entre a retórica de igualdade de gênero e as práticas de seus principais líderes.
O peronismo, movimento político fundado por Juan Domingo Perón, construiu historicamente uma imagem de defesa de direitos sociais e inclusão das mulheres. Evita Perón, primeira-dama nos anos 1940 e 1950, foi símbolo dessa narrativa, promovendo o sufrágio feminino e políticas de assistência social voltadas às mulheres.
Mais recentemente, Cristina Kirchner, ex-presidente e figura central do kirchnerismo, segmento peronista, reforçou esse discurso, associando-se a pautas feministas como o combate à violência de gênero e aborto.
Entretanto, o caso de Fernández, acusado formalmente por Yáñez de agressões físicas e verbais, coloca essa postura em xeque. A denúncia inclui fotos de hematomas e mensagens capturadas durante investigações de corrupção, além de um áudio em que o ex-presidente a insulta. “Sempre me manteve isolada das pessoas que você via como ameaça”, diz Yáñez na gravação. Fernández nega as acusações, afirmando que “nunca bateu em uma mulher”.
A repercussão do caso reflete uma crescente desconfiança sobre a autenticidade do feminismo pregado pelo peronismo, especialmente entre as jovens militantes que têm liderado os protestos na Argentina. Para analistas, a denúncia expõe como a agenda de igualdade de gênero muitas vezes serve mais como ferramenta política do que como compromisso efetivo.
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