Na Fórmula 1, Renault vai de Mercedes
A Alpine, equipe da Renault na Fórmula 1, está dando um passo atrás, ao menos para a imagem do grupo automotivo: a partir de 2026, vai usar motor Mercedes.
A Alpine, equipe da Renault na Fórmula 1, está dando um grande passo. Mas um passo atrás, ao menos para a imagem do grupo automotivo: a partir de 2026, deixará de produzir seu próprio motor para usar o da Mercedes.
Essa decisão é, no mínimo, discutível, já que renunciar ao próprio motor é raro no mundo da F1 e soa como uma admissão de fracasso técnico. Mesmo assim, no curto prazo, essa mudança pode ser vantajosa para a equipe, melhorando sua competitividade.
Há rumores de que o chefão da Renault, Luca de Meo, e seu homem forte na equipe, Flavio Briatore, podem estar preparando o terreno para vender a operação na Fórmula 1 nos próximos anos.
Ao separar a equipe Alpine da sua fábrica de motores em Viry, na França, eles facilitariam essa venda, ainda que os executivos neguem essa intenção. Após o surpreendente duplo pódio no Brasil, houve novas declarações de fidelidade da marca francesa com a categoria.
Oliver Oakes, que assumiu a chefia em agosto, tem defendido a equipe e promovido melhorias internas para recolocá-la nos trilhos. Entre idas e vindas, trata-se de uma das equipes mais antigas da F1, enfrentou uma década difícil e claramente precisa de investimentos para fortalecer áreas como aerodinâmica.
Mesmo assim, a Alpine já tem mostrado mais potencial. O resultado no Brasil provou que o carro, que começou o ano como um dos mais lentos, talvez à frente apenas da Sauber, evoluiu razoavelmente. Esse avanço é resultado do trabalho de toda a equipe, tanto em Enstone, sede da operação responsável pelo projeto dos carros, quanto em na fábrica de motores em Viry, que será escanteada.
Mas se ainda assim considera-se que o motor francês está um pouco atrás dos rivais em desempenho, como cliente da Mercedes, a Alpine terá acesso ao motor que mais venceu na atual era híbrida. Sim, isso vai tirar o controle criativo do propulsor dos franceses, mas também garante um motor confiável sem os gigantescos custos, riscos e dores de cabeça de ser seu criador e desenvolvedor.
Se puxarmos pela memória mais recente, a Brawn e a Red Bull de anos atrás e até a McLaren de hoje são bons exemplos de como equipes clientes podem ser competitivas e superar suas rivais oficiais. Em 2026 ela também usará a transmissão e a suspensão traseira da Mercedes, como a Aston Martin e a Williams fazem, só que a partir de 2027, assim como a McLaren atualmente, passará a produzir as suas próprias soluções nessas áreas.
No fim das contas, o foco agora é eficiência técnica e financeira e melhora de desempenho no curto prazo, o que parece um movimento pragmático mesmo que à custa da autoestima francesa. E se mesmo assim eles não atingirem os resultados desejados, a possibilidade de venda sempre estará na mesa e já será mais fácil de executar.
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Comentários (1)
Marcelo Augusto Monteiro Ferraz
12.11.2024 13:46O texto desta matéria, aplicado ao contexto do futebol, seria, por exemplo: "No Futebol, Fluminense Vai de Palmeiras". Não faria o menor sentido.