Ato antissemita na UFC: Conib repudia; Breno Altman aplaude
O lamentável episódio de antissemitismo registrado na Universidade Federal do Ceará (UFC) gerou grande indignação na comunidade judaica
O lamentável episódio de antissemitismo registrado na Universidade Federal do Ceará (UFC) – e que foi exposto e analisado aqui em O Antagonista – gerou grande indignação na comunidade judaica.
A ONG educacional StandWithUs Brasil já havia se pronunciado sobre o ocorrido, condenando o ato intolerante e o comportamento extremista dos manifestantes pró-Palestina que tentaram silenciar os palestrantes por meio da violência. Logo depois, também a confederação israelita do Brasil (CONIB) se manifestou a respeito em nota de repúdio que transcrevemos a seguir.
Nota da CONIB
“A CONIB repudia veementemente a atitude hostil e antissemita por parte de um grupo de estudantes pró-palestinos que, liderados por organizações de extrema esquerda, interromperam palestra do professor Michel Gherman na Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza, para manifestar apoio a terroristas do Hamas e aos ataques de 7 de outubro de 2023. A atitude hostil se contrapóe ao diálogo e à busca do conhecimento, que deveriam prevalecer na atividade universitária. Atos como esse apenas contribuem para promover o discurso de ódio, o extremismo e o antissemitismo, em prejúizo do diálogo e do conhecimento.
O episódio ocorreu na última quarta-feira, 30 de outubro, durante a abertura do semestre 2024.2 do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal do Ceará (UFC).
A mesa-redonda abordava o conflito Israel-Palestina e contava com a participação de Michel Gherman (UFRJ), do Instituto Brasil-Israel, Jawdat Abu-El-Haj (UFC), de origem palestina, Fábio Gentile (UFC), coordenador do programa, e Matheus Alexandre, doutorando da UFC e professor da StandWithUs Brasil, com pesquisa sobre antissemitismo contemporâneo no Brasil.
Após 30 minutos de debates, o painel foi interrompido por um grupo de ativistas extremistas, em sua maioria mascarados, com bandeiras palestinas e um cartaz em homenagem a Yahya Sinwar, líder do Hamas e responsável pelo ataque de 7 de outubro no sul de Israel. Entre eles, alguns vestiam camisetas da juventude do Partido Comunista Brasileiro. Esse grupo tomou o microfone dos palestrantes e iniciou provocações direcionadas especialmente a Michel Gherman e a Matheus Alexandre.
Os manifestantes se apresentavam como críticos do sionismo na mesa-redonda, referindo-se ao ataque de 7 de outubro como “Operação Dilúvio Al-Aqsa” e a Sinwar como “mártir da resistência”. Os ataques foram generalizados: Gherman foi chamado de “sionista nazista”, Abu-El-Haj de “palestino vendido”, e a professora Alba Carvalho, vice-coordenadora do programa e presente no evento, foi acusada de racismo ao questionar os extremistas.
O grupo ainda chamou os palestrantes de “ratos que deveriam voltar para o esgoto” e que “sionistas controlam o monopólio dos meios de comunicação”. Quando professores ou pessoas do público pediam que respeitassem o debate ou participassem de forma construtiva, eles respondiam: “Somos estudantes, não pacifistas!” e “Não há debate com o sionismo”.
Após cerca de 40 minutos de interrupções, os organizadores decidiram cancelar o evento.”
Breno Altman se solidariza com antissemitas na UFC
Breno Altan, que foi recentemente condenado a pagar uma indenização de 20 mil reais por danos morais coletivos por promover discurso de ódio e antissemitismo no Brasil, comentou o ocorrido na UFC, solidarizando-se com os fanáticos defensores do Hamas.
“Todo apoio aos estudantes da Universidade Federal do Ceará que protestaram contra palestra protagonizada por dois agentes sionistas. Essa doutrina racista não pode ser naturalizada. Tampouco o regime sionista e seus sicários, a serviço dos interesses imperialistas mais sórdidos”, Escreveu o fundador do site Opera Mundi, em postagem que foi compartilhada pelo presidente do Colegiado de Filosofia da Universidade Estadual do Ceará (UECE), Emiliano Aquino, que também milita em favor dos terroristas do Hamas.
Nota do Programa de Pós-graduação em Sociologia da UFC
Em nota de esclarecimento sobre o ocorrido, o Programa de Pós-graduação em Sociologia da UFC, embora expresse solidariedade com o povo palestino e suas lutas, condena o ato intolerante do grupo de mais de 20 “Manifestantes pro Palestina” que invadiu o evento organizado pelo departamento.
“Consideramos que o que aconteceu foi muito sério. Perdeu-se uma importante oportunidade de compreender algumas dinâmicas históricas, ideológico-políticas e socioeconômicas que afetam o Oriente Médio e debatê-las com criticidade”, diz a nota. E continua:
“Entendemos que a UFC, pela sua própria natureza, constitui-se um espaço publico, e assim sendo, um lugar de circulação de ideias e discussão permanentes, aberto a todos e todas. Práticas autoritárias de censura da liberdade de cátedra e de expressões do pensamento são inaceitáveis e podem ter um impacto devastador na formação do pensamento crítico. Além disso, podem gerar precedentes. O perigo é desencadear um mecanismo de autocensura no corpo docente e discente, preocupados, doravante, em evitar algumas temáticas para não provocar episódios semelhantes, alimentando assim uma visão única e acrítica dos processos sociais.
Precisamos nos opor à cultura do “cancelar” temas históricos “desagradáveis”, o que infelizmente está ganhando muito espaço na universidade. Como Programa de Pós-Graduação em Sociologia a nossa defesa é pela discussão critica dos temas impostos pela própria dinâmica da História, no exercício pleno da democracia”, conclui a nota.
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Comentários (1)
Marcia Elizabeth Brunetti
04.11.2024 10:49Ouvindo essas palavras "Somos estudantes, não pacifistas" não se pode esperar mais nada desse bando de ignorantes que, provavelmente, estão estudando para sociologias. E, para que serve a sociologia? Ou para escrever livros ou para ter formação universitária e concorrer a cargos públicos. Desculpem-me, mas não tenho informações sobre outras funções que um sociólogo pode exercer.