Mesmo sem prefeitos, PSOL se aferra ao identitarismo
Presidente nacional do partido, Paula Coradi diz que "uma parte da sociedade não consegue mais enxergar na política um instrumento de transformação"
O PSOL não elegeu nenhum prefeito neste ano — em 2020, tinha conseguido cinco prefeituras, inclusive a de uma capital, Belém, onde o prefeito Edmilson Rodrigues não conseguiu sequer passar para o segundo turno na tentativa de reeleição. Para a presidente nacional do partido, o problema não é a pauta do PSOL, mas “uma parte da sociedade”.
Em balanço sobre a eleição feito em entrevista a O Globo, Paula Coradi (abraçada ao deputado federal Guilherme Boulos na foto) defendeu “uma reflexão profunda”, mas disse que rever a pauta identitária, capitaneada principalmente por seu partido no Brasil, não está nos planos.
“A gente tem esse desafio de pensar essas mudanças na sociedade e no do mundo do trabalho, mas isso não significa que repensar é recuar em relação às nossas bandeiras, ao que a gente pensa. Muita gente tem feito uma análise dizendo que a pauta identitária [nos prejudica]. Eu acho que é algo que não cabe nesse balanço, porque as mudanças são muito profundas”, disse a líder partidária.
Reflexão profunda?
Para Coradi, o problema é que “já há alguns anos, uma parte da sociedade não consegue mais enxergar na política um instrumento de transformação”.
“Eu acho que isso é uma lição sobre a qual a gente precisa refletir bastante. Uma situação que nos leva a uma reflexão profunda é que quem ganhou em São Paulo foi a abstenção, os brancos e nulos. Isso reflete uma crise política que nós estamos atravessando”, analisou.
Além de não ter conseguido eleger nenhum prefeito, o PSOL conquistou 20 cadeiras de vereador a menos do que as 93 de 2020. Apenas um dos prefeitos eleitos pelo partido naquele ano conseguiu se reeleger nesta eleição municipal, em Marabá Paulista (SP), mas Cido Sobral concorreu pelo MDB desta vez.
E Boulos?
O principal candidato do PSOL nesta eleição foi o deputado federal Guilherme Boulos (SP), que conseguiu o apoio do PT após ter aberto mão de sua candidatura ao governo de São Paulo em 2022, em favor do hoje ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Após a derrota de Boulos, Coradi publicou uma mensagem no Instagram chamando o aliado de “gigante”. “Eu tenho um orgulho imenso de você, que se consolidou como uma grande liderança e referência de renovação para o próximo ciclo da esquerda no Brasil”, diz o texto.
Questionada sobre a possibilidade de o aliado trocar o PSOL pelo PT, a presidente da legenda não demonstrou receio:
“Ele é um companheiro que disputa as nossas posições internas, ele participa muito da vida partidária internamente. Nós temos total confiança de que ele permanecerá no nosso pessoal, no projeto que nós estamos construindo juntos, né? Não há movimentação nesse sentido.”
Leia mais: Sem Lula, Boulos alega ter recuperado dignidade da esquerda
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Comentários (1)
Maurício Bezerra de Araujo
02.11.2024 12:16Desde quando a política é elemento transformador de uma vida? Só se for para destruição. Canalhas!!!!