O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), articulou a retirada de pauta do PL da Anistia às pessoas condenadas por participação nos atos de 8 de janeiro com integrantes do PL e com parlamentares do PT.

A ideia de Lira é tentar agradar gregos e troianos, conforme apurou este portal. Ao levar o projeto para uma comissão especial, Lira argumentou que os deputados bolsonaristas poderão levar casos de abusos em decisões do STF que prejudicaram alguns condenados e isso poderia dar tração popular ao texto. Do outro lado, fez uma importante sinalização ao PT de que, de fato, não iria tratar do tema na atual gestão.

Lira conversou com integrantes dos dois partidos em reunião realizada na noite desta segunda-feira, da qual participou, por exemplo, a presidente da CCJ, Caroline de Toni (PL-SC). Em manifestação oficial, a parlamentar disse que foi apenas ‘comunicada’ da decisão de Lira.

O Antagonista apurou que Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também foram avisados antecipadamente sobre a decisão de Lira.

“Fui comunicada ontem à noite, pelo presidente Arthur Lira de que ele criaria uma comissão especial para tratar do tema. O meu desejo é que seja aprovada o mais rápido possível no Plenário da Câmara. Todo o nosso esforço não foi em vão; nossa mobilização nos trouxe até aqui e não descansaremos enquanto não for aprovada”, disse a parlamentar.

Também está no pacote de medidas para acalmar o ânimo de deputados bolsonaristas o apoio a pautas ligadas à segurança pública.

Sem PL da anistia, bancada bolsonarista vai trabalhar por outras pautas para endossar candidato de Lira

Nesta quarta-feira, 30, haverá uma reunião da bancada do PL e a expectativa é que sejam elencados projetos prioritários dos parlamentares. A ideia agora é pedir o apoio de Lira em prol dessas iniciativas da bancada do partido de Jair Bolsonaro na casa.

Como mostramos mais cedo, Lira decidiu criar uma comissão especial para discutir o projeto de lei de anistia às penas dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. O anúncio foi feito nesta terça-feira, 29, em pronunciamento.

Com a decisão, a proposta volta à estaca zero e sem qualquer perspectiva de que seja analisado no curto prazo.

Como mostramos mais cedo, havia a expectativa de que o projeto fosse votado – e aprovado – pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Se passasse pela CCJ, a proposta iria diretamente ao Plenário.

A partir de agora, a comissão ainda será instalada com eleições de presidente, relator e estabelecimento de cronograma e escolha de seus respectivos integrantes. Mesmo se aprovado em comissão especial, não há garantias de que o texto possa, no futuro, ir a plenário.