Campos Neto defende ‘choque fiscal’ para redução de juros
Presidente do BC já havia falado na semana anterior, sobre a necessidade de uma reforma administrativa para diminuição da taxa
Nos últimos meses de mandato à frente do Banco Central (BC), o presidente Roberto Campos Neto voltou a defender medidas fiscais para reduzir as taxas de juros no Brasil.
Em reunião com investidores nesta segunda, 28, em Londres, Campos Neto reforçou a necessidade de um “choque positivo” para reverter a previsão de inflação:
“Acredito que, se tivermos um choque fiscal muito grande, provavelmente conseguiremos sair com taxas mais baixas. Como esse processo vai acontecer eu não sei, e seria muito difícil dar um passo a passo do que eu acho que vai acontecer, mas acho que precisa ser algo que produza uma mudança de expectativa grande o suficiente para reverter a previsão de inflação e que impactasse a nossa reação de forma positiva“, afirmou o presidente da autarquia.
Na semana passada, Campos Neto comentou que o país precisava de uma reforma administrativa para redução da taxa de juros.
“Acabei de ler a notícia, não sei se é oficial ou não, mas estão falando de reformas administrativas. Há uma expectativa de que depois das eleições veremos algumas medidas. Isso é muito importante para que nós no Banco Central sejamos capazes de reduzir as taxas [de juros] de forma sustentável”, afirmou Campos Neto. Nossa missão é atingir a meta de inflação. E é muito difícil fazer isso quando há a percepção de que o fiscal não está ancorado.
Optar por juros artificialmente mais baixos sem ter a âncora fiscal é equivalente a produzir ajuste via inflação no médio prazo”, disse Campos Neto em evento promovido em São Paulo.
‘Queremos tirar o BC da cena política’
Campos Neto disse, em reunião em Washington, que a ideia dele é fazer uma transição ao próximo presidente do BC, Gabriel Galípolo, garantindo o princípio da autonomia.
A intenção, segundo o presidente da autarquia, é “tirar o Banco Central da cena política“:
“Por isso buscamos fazer a transição do Gabriel [Galípolo] da melhor maneira possível. Todos precisam entender que queremos tirar o Banco Central da cena política, do ruído político“, disse.
Galípolo foi indicado por Lula para presidir o BC a partir do ano que vem, quando termina o mandato de Campos Neto. O nome foi aprovado depois de uma sabatina de quatro horas, feita pelo Senado Federal neste mês de outubro, por 66 votos a favor contra 5 contrários.
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