Com Alzheimer, filosofo e poeta Antonio Cicero se submeteu a eutanásia
Poeta, compositor, filósofo e Acadêmico faleceu sob morte assistida nessa quarta-feira, 23, e deixou uma carta explicando sua decisão.
Antonio Cicero, poeta, filosofo, crítico literário e compositor carioca, deixou um legado significativo no panorama cultural brasileiro. Nascido em 1945, ele foi responsável por composições que marcaram época e que ecoam até os dias atuais, sendo membro ativo da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2017, onde ocupou a cadeira 27.
Cicero era irmão da cantora Marina Lima, com quem colaborou em vários sucessos musicais. Seus versos ganharam destaque nas vozes de artistas renomados, contribuindo para moldar a cena musical brasileira.
Entre as parcerias memoráveis estão “Fullgás”, “Para Começar” e “À Francesa”, além de ter participado na composição de “O Último Romântico”, eternizada por Lulu Santos.
Sua obra também incluiu colaborações com Waly Salomão, João Bosco e Adriana Calcanhotto, o que ampliou ainda mais sua influência artística.
Antonio Cicero e sua jornada literária
Para além da música, Antonio Cicero foi um crítico literário e filósofo respeitado. Sua trajetória literária foi marcada por uma busca constante pelo entendimento profundo de temas complexos, os quais ele abordava com maestria e sensibilidade.
Seus ensaios filosóficos refletiam suas preocupações existenciais e seu compromisso com a análise crítica do mundo ao seu redor.
A entrada na Academia Brasileira de Letras foi um reconhecimento de sua contribuição intelectual ao país. Seus pares o admiravam pela capacidade de unir, com destreza, música e literatura, um talento raro que o posicionou como uma figura única no cenário cultural.
Antonio Cicero optou pela eutanásia
Nos últimos anos de sua vida, Antonio Cicero enfrentou um desafio pessoal imenso: o diagnóstico de Alzheimer. A doença impactou severamente sua capacidade de criar e de lembrar, elementos essenciais para sua identidade como escritor e poeta.
Com o avanço do Alzheimer, ele tomou a decisão de buscar a morte assistida na Suíça, um ato que refletia seu desejo de preservar a dignidade em sua vida e em sua partida.
Em uma carta de despedida, Cicero expressou como sua condição tornou a vida insustentável, mencionando a perda de memória e a dificuldade em realizar atividades que antes lhe eram prazerosas.
Ele escolheu praticar a eutanásia, garantindo que sua despedida fosse conforme sua vontade, livre das limitações impostas pela doença.
Impacto da despedida de Antonio Cicero
A escolha de Antonio Cicero em optar pela morte assistida gerou discussões sobre a autonomia individual e a liberdade de escolha ao enfrentar enfermidades debilitantes.
Sua despedida foi planejada com cuidado, refletindo seu desejo de relembrar os momentos e cidades que tanto admirava, como Paris.
A carta em que explicou sua decisão foi compartilhada por seu companheiro, Marcelo Pies, e ressoa com muitos que enfrentam desafios similares. A forma como Cicero lidou com sua doença abriu espaço para um diálogo necessário sobre dignidade e escolhas no fim da vida.
Antonio Cicero permanece como uma referência tanto na música quanto na literatura brasileira. Seu impacto foi amplamente sentido, e suas contribuições continuam a inspirar artistas e pensadores.
Ao optar pela eutanásia, ele deixou uma mensagem poderosa sobre controle e dignidade pessoal, incitando reflexões sobre o direito à autonomia na vida e na morte.
Cicero, com sua vida e obra, mostrou que arte e vida estão intrinsecamente ligadas, e que as escolhas individuais têm o poder de moldar legados.
Assim, ele continua a ser lembrado não apenas por suas contribuições culturais, mas também pela coragem em suas decisões pessoais.
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