Laboratório emitiu laudos negativos para HIV a crianças, indica MP
Promotora solicitou a prorrogação da prisão de quatro suspeitos
O Ministério Público enviou à Justiça, na quinta-feira, 17, uma representação com análise de que o laboratório PCS Lab Saleme emitiu dezenas de laudos com falso negativo para HIV a crianças.
Apontado pela Polícia Civil do Rio como responsável pelo erro que infectou seis pacientes transplantados, o laboratório situado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi contratado em dezembro do ano passado em um processo de licitação no valor de R$ 11 milhões.
“Insta salientar que os investigados e o respectivo laboratório PCS Lab Saleme já emitiram dezenas de resultados com falso positivo e falso negativo para HIV, inclusive em exames de crianças, respondendo a inúmeras ações indenizatórias por danos moral e material”, escreveu a promotora Elisa Pittano Neves.
Quatro seguem presos
A 2ª Vara Criminal aceitou a representação feita pelo MP e prorrogou a prisão dos investigados, entre eles o sócio do laboratório Walter Vieira. Ele é tio de consideração do deputado estadual Dr. Luizinho (PP), antigo secretário de Saúde do Rio.
O Antagonista reproduz abaixo a lista dos quatro suspeitos e suas respectivas atribuições:
- Walter Vieira: sócio do laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS Saleme). Ele é tio do deputado federal e ex-secretário de saúde do Rio em 2023, Doutor Luizinho (PP).
- Jacqueline Iris Bacellar: funcionária do laboratório e responsável por assinar um dos laudos que atestaram que um dos doadores não tinha HIV.
- Cleber de Oliveira dos Santos: Biólogo e técnico do laboratório. Responsável por fazer a análise no material encaminhado pela Central Estadual de Transplantes
- Ivanilson Fernandes dos Santos: técnico de laboratório e responsável por fazer análise clínica no material que chegava da Central Estadual de Transplantes
Nísia Trindade sabia há um mês
A ministra da Saúde do governo Lula, Nísia Trindade, admitiu que tinha conhecimento dos casos de infecção por HIV desde o dia 14 de setembro. A ministra, no entanto, afirmou que procurou a Polícia Federal após novos casos terem sido verificados.
“Apenas quando se caracteriza suspeição de possível ação criminosa é que a polícia deve ser acionada. A partir do momento em que novos casos foram verificados, e que indícios começam a ser levantados, é que eu procurei a Polícia Federal, que é o papel que cabe a uma instância federal“, concluiu.
Relembre o caso
Seis pacientes que estavam na fila do transplante de órgãos da Secretaria de Saúde do Rio receberam órgãos infectados por HIV de 2 doadores e testaram positivo para o vírus. O ineditismo do caso chamou a atenção.
Por meio de nota, a secretaria comentou.
“Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas”, declarou.
O erro foi em exames realizados pelo PCS Lab Saleme, uma unidade privada contratada pelo Governo do Rio em dezembro de 2023, em processo de licitação no valor de R$ 11 milhões de reais, para fazer a sorologia de órgãos a serem transplantados.
A Anvisa descobriu que o PCS não tinha os equipamentos, nem documentos comprobatório de compra de itens, o que levou a suspeita de que os testes poderiam ter sido forjados ou não foram realizados.
Como os pacientes descobriram?
Foi em 10 de setembro que um paciente deu entrada a um hospital com sintomas neurológicos e teve o resultado para o HIV positivo. Ele fez o processo de transplante de um coração no fim de janeiro. As autoridades investigaram e chegaram a 2 exames feitos pelo PCS Lab Saleme.
As coletas dos exames foram feitas no início do ano e o resultado de todos, segundo o laboratório, deram não reagentes para HIV. A contraprova do material identificou a presença do vírus.
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