Rio planejava ampliar contrato de laboratório que errou testes de HIV
Secretaria estadual de Saúde continuou com processo de renovação de contrato mesmo após abertura de investigação
A secretaria estadual de Saúde do Rio de Janeiro continuou com o processo de renovação do contrato do laboratório PCS LAB Saleme, envolvido no caso de infecção por HIV após transplantes de órgãos no estado, mesmo após as suspeitas do erro e a abertura de investigação sobre o caso.
Documentos obtidos pelo jornal O Globo mostram inclusive que haveria um reajuste no contrato, caso fosse assinado. Os contratos são alvo de investigação do Ministério Público, da Polícia Civil e da Polícia Federal.
“Enquanto corria a investigação sobre o erro que levou seis pacientes a receberem órgãos com HIV, algo inédito no Brasil, a Diretoria Administrativa Financeira avançava nas conversas com o laboratório para reajustar o contrato da clínica em quase R$ 800 mil. Os contatos iniciaram em junho, quando a Fundação viu a necessidade de aumentar o número de exames feitos pelo laboratório por causa de um aumento na demanda das unidades — ao todo o estabelecimento atendia 11 hospitais e clínicas estaduais. Entre os procedimentos consultados estavam testes para HIV”, diz o jornal carioca.
O laboratório PCS LAB tem como um dos sócios Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, primo do ex-secretário estadual de Saúde e deputado federal Doutor Luizinho (Progressistas).
“Situação sem precedentes”
A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) afirmou em nota divulgada na sexta-feira, 11, considerar o caso “inadmissível” e ressaltou que se trata de uma situação sem precedentes.
“Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas.”
Segundo a secretaria, uma sindicância foi instaurada para identificar e punir os responsáveis.
Relações e responsabilidades
A contaminação veio à tona em setembro de 2024, quando um paciente transplantado apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV.
O paciente havia recebido um coração em janeiro daquele ano e não possuía o vírus antes do procedimento. A partir deste caso, as autoridades refizeram o processo e identificaram que outros pacientes também foram infectados.
Foram realizados novos exames em amostras preservadas de doadores, e a SES-RJ confirmou a presença do HIV em alguns órgãos transplantados. Pacientes que receberam rins e fígado também testaram positivo. Uma exceção foi o receptor de uma córnea, que não apresentou contaminação. A SES-RJ continua revisando amostras de outros doadores e confirmando a extensão do problema.
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