STF mantém suspensão de emendas por falta de transparência
Ministro Flávio Dino exige maior clareza nas informações sobre a autoria de emendas antes de permitir a execução orçamentária completa
O ministro Flávio Dino do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu prorrogar a suspensão da execução de emendas parlamentares de comissão e de relator para o exercício de 2024. A decisão foi fundamentada na ausência de cumprimento integral da ordem constitucional e das determinações do plenário do STF por parte dos Poderes Legislativo e Executivo.
De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, o magistrado sublinhou que, até que o Legislativo e o Executivo consigam atender às exigências constitucionais e às decisões da corte, não é possível restabelecer a plena execução dessas emendas.
A questão central está na falta de transparência e rastreabilidade na aplicação dos recursos, que envolvem uma expressiva parcela do orçamento federal.
Reunião no STF gera insatisfação
Também nesta quinta, foi realizada uma audiência no STF com representantes de diferentes órgãos, como o Tribunal de Contas da União (TCU), a Controladoria-Geral da União (CGU), o Ministério Público e o corpo técnico do Congresso.
A expectativa era que essa reunião trouxesse respostas sobre a autoria das emendas, mas o resultado foi considerado insatisfatório pelo ministro Dino, uma vez que as informações solicitadas não foram apresentadas na íntegra.
Esse impasse intensifica o embate entre o STF e o Congresso, que, ao longo desta semana, avançou com propostas para limitar a atuação dos ministros da corte. A tensão entre os Poderes se acirra em meio a um contexto de discussões sobre a separação e o equilíbrio das funções institucionais.
Dino exige mais transparência nas emendas
Um dos principais pontos levantados por Flávio Dino é a necessidade de apresentar atas que detalhem os autores das emendas parlamentares. Essas informações são essenciais para que órgãos tecnicamente independentes, como o TCU, a CGU e o Ministério Público, possam auditar adequadamente a alocação dos recursos e responsabilizar eventuais agentes públicos envolvidos em irregularidades.
De acordo com o ministro, a falta de controle e transparência na execução das emendas pode abrir caminho para ilegalidades que já estão sob investigação em vários procedimentos.
“Essas emendas podem estar na cadeia causal de possíveis ilegalidades atualmente em investigação, envolvendo consideráveis frações do orçamento que pertencem à sociedade como um todo”, afirmou Dino.
Responsabilidade fiscal em risco
Dino também destacou a importância de estabelecer regras claras e normativas para o uso dos recursos públicos alocados por meio de emendas parlamentares. Ele lembrou que o poder de legislar e influenciar a execução orçamentária está vinculado à responsabilidade fiscal e ao devido processo legal previsto na Constituição Federal. “Os trilhos normativos adequados são essenciais para assegurar o cumprimento dos deveres constitucionais e a boa gestão do dinheiro público”, declarou.
Ainda segundo Dino, qualquer possibilidade de revisão das medidas impostas pelo STF dependerá da adoção de práticas efetivas que garantam a transparência, a rastreabilidade dos recursos e a entrega de bens e serviços à sociedade de maneira adequada.
Em sua decisão, o ministro também ressaltou os dados apresentados pela Controladoria Geral da União (CGU), que indicam que 56% das emendas parlamentares não foram identificadas corretamente. Isso dificulta a verificação de todos os empenhos realizados, criando um cenário de incertezas sobre a destinação dos recursos públicos.
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