Nobel de Literatura premia a escritora sul-coreana Han Kang
O prêmio foi concedido "por sua intensa prosa poética que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana"
A Academia Sueca anunciou nesta quinta-feira, 10, que a escritora sul-coreana Han Kang é a vencedora do Prêmio Nobel de Literatura 2024.
O prêmio foi concedido “por sua intensa prosa poética que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”.
Han Kang é a primeira autora sul-coreana a ser laureada com o Nobel de Literatura. Nascida em 1970, ela começou sua carreira em 1993, com uma série de poemas na revista Literatura e Sociedade. Seu maior destaque internacional veio com o livro A Vegetariana, de 2007, que retrata as consequências violentas da recusa da protagonista a se submeter às normas de ingestão alimentar.
Em sua obra, diz a organização, Han Kang “confronta traumas históricos e conjuntos invisíveis de regras e, em cada uma de suas obras, expõe a fragilidade da vida humana. Ela tem uma consciência única das conexões entre corpo e alma, os vivos e os mortos, e em seu estilo poético e experimental se tornou uma inovadora na prosa contemporânea”.
Seu trabalho é caracterizado por uma dupla exposição da dor, “uma correspondência entre tormento mental e físico com estreitas conexões com o pensamento oriental”.
No conto Europa, de 2019, o narrador masculino, mascarado como uma mulher, é atraído por uma mulher enigmática que rompeu com um casamento impossível.
“O eu narrativo permanece em silêncio quando perguntado por sua amada: ‘Se você pudesse viver como deseja, o que faria com sua vida?’ Não há espaço aqui para realização ou expiação”, continuou a academia.
No romance Atos Humanos, de 2016, Han Kang usa como base política um evento histórico ocorrido em Gwangju, onde centenas de estudantes e civis desarmados foram assassinados durante um massacre realizado por militares sul-coreanos em 1980.
Ao dar voz às vítimas da história, o livro aborda o gênero da literatura testemunhal.
O estilo, tão visionário quanto sucinto, diz a Academia Sueca, “desvia-se de nossas expectativas desse gênero, e é um expediente particular dela permitir que as almas dos mortos sejam separadas de seus corpos, permitindo-lhes, assim, testemunhar sua própria aniquilação”.
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