Ramagem tenta colar imagem à Lava Jato, mas foi Aras quem acabou com a operação
Indicado duas vezes por Bolsonaro, Augusto Aras foi responsável pelo desmonte da Lava Jato e o arquivamento de investigações
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Polícia Federal e candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, tenta associar sua imagem à Operação Lava Jato para atacar seu principal adversário, Eduardo Paes. Ramagem chegou a afirmar que, se a operação ainda estivesse ativa, Paes estaria preso.
O que Ramagem não diz é que quem realmente acabou com a Lava Jato foi Augusto Aras, procurador-geral da República indicado por Jair Bolsonaro fora da lista tríplice, quebrando uma tradição de 16 anos.
Sob a gestão de Aras, a Lava Jato foi desmantelada. Ele não só dissolveu a força-tarefa de Curitiba em 2021, como criticou a operação por seus “excessos” e alegou que era preciso evitar o “lavajatismo”. Com isso, os processos da maior operação anticorrupção do país foram redistribuídos para outras instâncias do Ministério Público, enfraquecendo significativamente seu alcance.
Aras e Bolsonaro
Aras não agiu sozinho. Sua nomeação por Bolsonaro, fora da tradicional lista tríplice, foi interpretada como um movimento estratégico para enfraquecer investigações que pudessem atingir o governo e seus aliados.
Durante seu mandato, o procurador-geral arquivou mais de 70 pedidos de inquérito contra Bolsonaro, além de 104 pedidos de investigação que sequer foram abertos. Entre as acusações arquivadas estavam casos de prevaricação e mau uso de verba pública apontados pela CPI da Covid.
O alinhamento de Aras com Bolsonaro foi crucial para o fim da Lava Jato. O próprio ex-presidente chegou a afirmar que “acabou” com a operação, alegando que não havia mais corrupção no governo. Essa declaração e as ações de Aras confirmam que o desmonte da Lava Jato foi uma estratégia calculada para proteger aliados políticos.
Ramagem, ao tentar colar sua imagem à Lava Jato, ignora o papel fundamental de Aras no desmantelamento da operação. Enquanto critica Paes e outros adversários, evita mencionar que foi o procurador-geral de confiança de Bolsonaro quem pôs fim à Lava Jato, enfraquecendo o combate à corrupção no país.
E Lula?
O grupo de Lula, claro, contribuiu para as anulações de condenação no STF, com seus indicados Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, mas o fim da força-tarefa é obra do bolsonarismo, que se uniu ao petismo na frente ampla pela impunidade quando um desdobramento da Lava Jato no Rio apontou o esquema de peculato (“rachadinha”) no gabinete de Flávio Bolsonaro.
Embates eleitorais à parte, a história real do bolsopetismo na sabotagem do combate à corrupção, aqui, jamais será apagada.
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