Mutirão da PF contra crimes eleitorais vai de caixa 2 a transfobia
Em meio à proximidade das eleições, a Polícia Federal deflagra diversas operações pelo Brasil, com foco em crimes eleitorais em cinco estados
A Polícia Federal (PF) deflagrou cinco operações simultâneas em diferentes estados do Brasil com o objetivo de combater crimes eleitorais. A poucos dias das eleições municipais, que ocorrerão neste domingo, 6, e no dia 27, a PF atua em cidades do Pará, Roraima, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Amazonas, em investigações que envolvem compra de votos, caixa 2, violência política e transfobia.
De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, as operações fazem parte de um amplo esforço para garantir a lisura do processo eleitoral. Ao todo, a PF já deflagrou 40 operações voltadas a crimes eleitorais neste ano, apreendendo mais de R$ 16,7 milhões em bens, incluindo R$ 11 milhões em espécie.
A atuação da polícia envolve cerca de 6 mil agentes mobilizados em todo o país para garantir a segurança durante os dias de votação.
Fake news, deepfakes e violência política
A PF expressou preocupação crescente com o uso de tecnologias como inteligência artificial e deepfakes para a disseminação de fake news e desinformação sobre o processo eleitoral. A violência política também é uma questão crítica, assim como a atuação de facções criminosas em apoio a candidatos. Atualmente, estão em andamento cerca de 2.200 inquéritos policiais relacionados a crimes eleitorais e contra o Estado Democrático de Direito.
Uma das operações, realizada em Roraima, resultou na prisão de três suspeitos envolvidos em compra de votos. Eles foram flagrados com R$ 6,9 mil em dinheiro, além de materiais de campanha e cadernetas com nomes de possíveis eleitores. Em Sergipe e no Rio de Janeiro, a PF também agiu contra candidatos suspeitos de compra de votos.
Na cidade de Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, a Operação Los Intocables investigou um candidato a vereador por corrupção eleitoral e caixa 2. O político é suspeito de estar ligado a organizações criminosas, que financiaram sua campanha com recursos obtidos do tráfico de drogas. A Justiça Eleitoral determinou o compartilhamento das provas obtidas com o Ministério Público Eleitoral, o que pode resultar na cassação do registro de candidatura por abuso de poder econômico.
Violência política de gênero e crime organizado
Em Paragominas, no Pará, a PF cumpriu dois mandados de busca e apreensão no âmbito de uma investigação de transfobia. A candidata trans à vereadora foi alvo de ataques, nos quais imagens e vídeos de sua campanha foram mesclados com conteúdo adulto, em uma tentativa de humilhá-la publicamente.
Aparelhos eletrônicos foram apreendidos e estão sendo analisados pela polícia, que poderá condenar os responsáveis a até quatro anos de reclusão, caso as acusações sejam comprovadas.
Já no município de São Borja, no Rio Grande do Sul, a Operação Integridade Eleitoral visou a interferência de facções criminosas no processo eleitoral. Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão, com a quebra de sigilo de dados de envolvidos que são suspeitos de tentar influenciar o pleito local.
Operações contra fraudes no alistamento eleitoral
No Rio de Janeiro, a Operação Nômade Eleitoral desarticulou uma organização criminosa especializada em cooptar eleitores para alistamento e transferência irregular de domicílio eleitoral entre as cidades de Santa Cruz e Itaguaí. A PF cumpriu seis mandados de busca e apreensão relacionados a essa prática ilegal.
Outra operação importante, a Tupinambarana Liberta, investigou crimes como associação criminosa, corrupção eleitoral, uso de violência para angariar votos e impedir a realização de propaganda eleitoral. Esta ação ocorreu no Amazonas, onde facções criminosas estariam atuando para influenciar o resultado das eleições.
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