O erro das agências de classificação de risco sobre o Brasil
A economia precisa ser vista para além do prazo de um ano
Autor desta análise, Bruno Musa é economista, professor e empreendedor, tem canal de YouTube (https://youtube.com/@bruno_musa) e consultoria de investimentos (https://brunomusa.com.br/investimento/), e agora é colaborador de O Antagonista.
Em 2008, o Brasil foi elevado à categoria de grau de investimento, o que permite que certos fundos estrangeiros tragam dinheiro ao país, beneficiando a moeda local.
Em 2011, as três principais agências de classificação de risco voltaram a subir mais um degrau dentro da nova classificação. Já estávamos no governo de Dilma Rousseff, que levou o país a uma queda do PIB de 7% em dois anos pela implementação da “nova matriz econômica”, falida desde o início com ideias intervencionistas e congelamento de preços, que levou a Petrobras a ser a empresa com maior divida corporativa do mundo e as geradoras e distribuidoras de energia quebradas por completo.
Tudo ao contrário
Quem arcou com isso? Todos nós, com o uso do dinheiro público proveniente de impostos.
O que mais surpreende é que os motivos da alta do crédito em 2011 foram justamente os mesmos de agora: alta do PIB pela expansão fiscal, “preocupação” do governo com as contas públicas e trajetória da dívida “saudável”.
Não perceberam que era tudo ao contrário e, três anos depois, estávamos na maior crise recente do Brasil, superando de longe a pandemia.
E quais foram os motivos para a Moody’s elevar a nota do Brasil na terça-feira, 1 de outubro de 2024? Os mesmos de 2011, deixando de lado que o crescimento do PIB está totalmente impulsionado pela expansão fiscal e a dívida em relação ao PIB está próxima a 80%, além dos gastos obrigatórios já representarem mais de 93% do orçamento.
Insustentável
Insustentável na matemática e inflacionário na economia. Sempre foi e assim seguirá sendo.
Será que essas agências não percebem que a economia precisa ser olhada mais adiante do que o prazo de 1 ano? Não aprenderam nada com a história que claramente está se repetindo? Será que foi apenas coincidência que Lula se encontrou com os responsáveis por essas agências há apenas três semanas em Nova York?
“Chamei as agências de rating porque é importante que elas saibam da boca do presidente da República o que está acontecendo no país,” declarou Lula, que pediu para acompanhar o ministro Fernando Haddad na reunião. “Não precisa ouvir só os empresários. Ouçam os trabalhadores e o Presidente da República”, completou, em defesa do próprio lobby.
As contas brasileiras se deterioram após a aprovação do arcabouço fiscal e, acima de tudo, com os malabarismos para jogar as despesas para fora do orçamento. Estes são os chamados gastos parafiscais que não entram na conta do arcabouço, criando um Frankstein irreal.
A conta mesmo é a dívida bruta, que já chega a 80% do PIB. A inflação bate à porta.
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