Boulos incentiva corrupção ao blindar Janones por rachadinha, diz Nunes
Boulos se diz impressionado por Nunes trazer esse tema, já que é aliado do Flávio Bolsonaro, o "rei da rachadinha"
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou nesta segunda-feira, 30, durante o debate promovido por Folha de S.Paulo e Uol, que o deputado Guilherme Boulos (PSOL) incentivou a corrupção ao livrar André Janones (Avante-MG) da acusação de rachadinha no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
“Quem fez de verdade, quem pôs a caneta lá, foi o seu Guilherme Boulos para poder normalizar a questão da rachadinha. O que é a rachadinha do Janones? É o cara pegar o dinheiro público e rachar com o funcionário. Provado com áudio. Ele foi lá e liberou o Janones e normalizou a rachadinha. Só que a Polícia Federal foi lá e abriu o inquérito contra o Janones.
Nem adiantou você fazer esse ato de auxílio, de incentivo à corrupção, que é isso que você fez lá, porque a Polícia Federal foi para cima.”
Boulos cita Flávio Bolsonaro, o “rei da rachadinha”
Boulos, ao rebater Nunes, disse ter ficado impressionado que o emedebista tenha levado o tema para o debate, já que ele é aliado do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o “rei da rachadinha”.
“Em relação à rachadinha, me impressiona muito ele trazer esse tema aqui. Ele que é aliado do Flávio Bolsonaro, o rei da rachadinha. Ele [Ricardo Nunes] é o rei do camarote […] Ele, que na acusação da máfia das creches, foi acusado de receber cheques de rachadinha das creches na sua conta.
Em relação ao Janones, para deixar muito claro: pau que bate em Chico bate em Francisco. Se o Janones for determinado culpado pela PF, pelo Judiciário, que pague, como o Flávio Bolsonaro ou como qualquer outro. O que eu não poderia permitir é chicana no Conselho de Ética da Câmara.”
As rachadinhas de Janones e Flávio Bolsonaro
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara decidiu arquivar a acusação de rachadinha contra André Janones (Avante-MG) em 5 de junho. O parecer do relator Guilherme Boulos (PSOL-SP), que votou pelo arquivamento do caso sob a alegação de que o aliado foi gravado sugerindo o esquema a funcionários quando ainda não estava em vigor seu atual mandato, foi apoiado por 12 deputados — apenas cinco votaram contra.
Apesar do desfecho do caso no Conselho de Ética da Câmara, a Polícia Federal indiciou Janones, em 12 de setembro, pelo esquema de rachadinha em seu gabinete. Um assessor e um ex-funcionário também foram indiciados. Eles respondem por crimes de corrupção passiva e associação criminosa.
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Em 2020, o ex-procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, denunciou o senador Flávio Bolsonaro e outras 16 pessoas pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato e apropriação indébita por um esquema de rachadinha no gabinete do ex-deputado estadual do Rio, coordenado por Fabrício Queiroz, seu ex-assessor.
Na época, o Ministério Público apontou que o senador usou, pelo menos, 2,7 milhões de reais em dinheiro vivo no esquema.
A defesa do filho do ex-presidente alegou que, por ter foro privilegiado, o caso deveria sair da alçada do Tribunal de Justiça do Rio, levando o caso ao Superior Tribunal de Justiça. Em 2021, no entanto, o STJ deu fim à investigação, anulando as decisões tomadas na Justiça fluminense.
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