Crusoé: A maldição do Hezbollah
Não há maior empecilho para o desenvolvimento de uma sociedade que ter um grupo terrorista no poder
Não há maior obstáculo para o desenvolvimento de uma sociedade que ter um grupo terrorista submetendo a totalidade ou uma parte da população. No Afeganistão, o golpe do Talibã em 2021 cancelou a ajuda internacional e derrubou o PIB em 26%. Na Faixa de Gaza, o Hamas desviava quase todo o orçamento para a construção de túneis e foguetes. No Líbano, o Hezbollah montou um arsenal maior que o de muitos países do mundo e impediu o crescimento econômico do país. Agora, a organização, financiada pelo Irã, inicia uma nova guerra contra Israel, condenando milhares de libaneses e israelenses a um período de trevas.
O Hezbollah, “Partido de Deus”, não surgiu como um partido querendo o melhor para a população libanesa. Seus objetivos iniciais eram a destruição total de Israel e a expulsão das forças estrangeiras do Líbano, então no meio de uma guerra civil. Em seu manifesto de 1985, o grupo dizia expressamente que não se constituía “um partido organizado“ ou “um movimento político”. A lealdade à teocracia iraniana era total. “Nós somos os filhos da umma (comunidade muçulmana), o Partido de Deus, a vanguarda que foi vitoriosa no Irã. Lá, a vanguarda estabeleceu as bases para um Estado muçulmano que exerce um papel central no mundo. Nós obedecemos as ordens de um líder sábio e justo, que é o nosso tutor e jurista, que preenche todas as condições necessárias: Ruhollah Khomeini”, afirma o texto.
Quando se envolveu com a política, o propósito o Hezbollah nunca foi o de desenvolver o país. Sua essência é ser um grupo militar armado. Quando desavisados dizem que há duas alas na organização — uma militar e outra política —, é preciso frisar que os membros do Hezbollah nunca admitiram tal separação. A política é apenas um meio para alcançar um fim militar. Desde 1992, o grupo participa de eleições, aproveitando-se do apoio popular derivado de uma rede de hospitais, escolas e centros comunitários da organização, todos financiados pelo Irã. Com essa estrutura, o Hezbollah conseguiu integrar o gabinete de governo pela primeira vez em 2005. Desde então, tem conseguido controlar de um a três ministérios, mantendo o governo seu refém. Em vários momentos, o Hezbollah bloqueou decisões centrais. Em duas oportunidades, derrubou o governo.
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