Talibã quer entrar no BRICS. Brasil dará as boas-vindas?
O Talibã, grupo fundamentalista islâmico que governa o Afeganistão, pediu formalmente a Brasil, Rússia, China e África do Sul para se juntar à próxima cúpula do BRICS, sediada pela Rússia
O Talibã, grupo fundamentalista islâmico que governa o Afeganistão, confirmou na quarta-feira, 25 de setembro, que pediu formalmente a Brasil, Rússia, China e África do Sul para se juntar à próxima cúpula do BRICS, sediada pela Rússia.
O objetivo da participação do Talibã no fórum é abrir caminho para a sua entrada oficial no grupo, que já é composto, em sua maioria, por autocracias e ditaduras.
Representantes dos países membros do BRICS, encabeçados por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, devem se reunir de 22 a 24 de outubro na cidade de Kazan, no sudoeste da Rússia, para a reunião. Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos se juntaram ao bloco este ano.
“O BRICS é um fórum econômico importante e, como uma economia em desenvolvimento, o Afeganistão precisa se juntar a essas reuniões econômicas”, declarou Hamdullah Fitrat, o porta-voz adjunto do Talibã, em uma mensagem de vídeo transmitida por sua emissora oficial.
“O Emirado Islâmico está buscando uma presença no próximo fórum do BRICS, e o pedido foi formalmente comunicado à nação anfitriã”, declarou Fitrat, usando o título oficial de seu governo em Cabul, que não é oficialmente reconhecido por nenhum país.
Rússia e o Talibã
Moscou desenvolveu laços informais estreitos com os líderes afegãos desde que eles retomaram o controle da nação devastada pelo conflito há três anos, quando os países ocidentais liderados pelos Estados Unidos retiraram suas tropas após quase duas décadas de guerra com o então insurgente Talibã.
Representantes do Talibã foram convidados pela Rússia para o Fórum Econômico Internacional em São Petersburgo. Delegações do Talibã visitaram Moscou repetidamente nos últimos meses para discussões econômicas e comerciais bilaterais.
Os ministérios das Relações Exteriores e da Justiça russos apresentaram uma proposta ao presidente Vladimir Putin em junho para remover o grupo radical afegão da lista russa de organizações designadas terroristas. A medida gerou especulações de que Moscou chegou mais perto de reconhecer oficialmente as autoridades de fato de Cabul.
China e o Talibã
A China também intensificou seus laços políticos e econômicos com Cabul e é um dos dois países, junto com os Emirados Árabes Unidos, que aceitaram formalmente um embaixador nomeado pelo Talibã.
Empresas chinesas assinaram vários acordos com o Talibã para melhorar a cooperação econômica e comercial, com foco principalmente no setor de mineração afegão.
O Ministro das Relações Exteriores do Talibã, Amir Khan Muttaqi, disse em uma entrevista coletiva em Cabul na semana passada que seu governo controlava cerca de 40 embaixadas e consulados afegãos em todo o mundo e que suas relações diplomáticas com a comunidade internacional estavam melhorando. Ele afirmou que o Talibã está interessado em desenvolver laços “amigáveis” com as nações ocidentais.
Os EUA e o Ocidente em geral insistem que o reconhecimento formal do Talibã depende de suas ações em relação aos direitos das mulheres, educação para meninas e mulheres e liberdade.
Sharia no Afeganistão
Os líderes afegãos implementaram sua interpretação estrita da lei islâmica, conhecida como sharia, na empobrecida nação do sul da Ásia, proibindo meninas afegãs de frequentar escolas além da sexta série, suspendendo alunas de universidades, impedindo mulheres de frequentar a maioria dos locais de trabalho e proibindo música.
O Talibã também introduziu apedrejamento e execuções públicas de mulheres por crimes como adultério.
Líderes do Talibã rejeitam críticas à sua governança, dizendo que ela está alinhada à cultura local e à sharia.
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