Licença por Infelicidade é criada na China
A rede de supermercados chinesa Pang Dong Lai implementou uma política de licença para infelicidade.
Yu Donglai, fundador e presidente da rede de supermercados chinesa Pang Dong Lai, que conta com mais de 7.000 funcionários, introduziu uma política inovadora: a “licença por infelicidade”. Funcionários insatisfeitos podem tirar um dia de folga sem aprovação da liderança, com um limite de 10 dias por ano, segundo o jornal estatal People’s Daily.
Embora Donglai defenda a qualidade de vida na China, Renata Livramento, especialista em saúde corporativa e bem-estar e professora da Human SA, sugere que a iniciativa pode ser problemática. “Admitir que momentos difíceis fazem parte da vida é positivo, mas a empresa precisa assumir uma responsabilidade ativa em melhorar o bem-estar dos funcionários, em vez de transferi-la inteiramente para o indivíduo”, argumenta Livramento.
Qualidade de Vida ou Falha na Gestão?
Além da licença por infelicidade, a empresa chinesa adotou uma jornada de trabalho mais curta, de sete horas. Isso é considerado um avanço em um país conhecido por sua cultura de trabalho intensa. Contudo, Livramento alerta sobre a visão equivocada de que eliminar o que gera infelicidade levará automaticamente à felicidade, contrariando a ciência da felicidade.
O Que é a Ciência da Felicidade no Trabalho?
Segundo a ciência da felicidade, tanto aspectos hedônicos (satisfação com a função e organização) quanto eudaimônicos (realização pessoal e significado) são essenciais para o bem-estar no trabalho. “Felicidade e saúde mental no trabalho dependem de fatores como salários dignos, liderança humanizada, boas condições de trabalho e alinhamento de valores pessoais e organizacionais”, explica Livramento.
Como Promover Qualidade de Vida no Trabalho?
Para promover a qualidade de vida, Livramento recomenda que empresas capacitem suas lideranças para cuidar de sua saúde mental e de seus liderados. No Brasil, já existem muitas ações nesse sentido, como regimes de trabalho flexíveis, promoção da diversidade e inclusão, e metas claras e realistas.
Os Trabalhadores Brasileiros Estão Felizes no Trabalho?
Um estudo da Pluxee, em parceria com a The Happiness Index, revelou que os trabalhadores brasileiros estão 9% mais insatisfeitos com o trabalho do que a média global. A pesquisa, realizada entre fevereiro e março de 2024, ouviu mais de 23 mil profissionais em mais de 100 países e analisou felicidade (condições de trabalho e crescimento) e engajamento (conexão com a função e empresa). O Brasil está 4% abaixo da média global em felicidade e 10% em engajamento.
Esses dados devem ser considerados na estratégia das empresas, enfatiza Livramento. Implementar benefícios voltados para o bem-estar não só melhora a saúde dos funcionários, mas também aumenta a produtividade e lucratividade da organização. “Profissionais mais felizes resultam em menor absenteísmo e maior engajamento, beneficiando a companhia como um todo”, conclui a executiva.
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