González comenta relatório que expõe repressão e tortura na Venezuela
Desde 28 de julho, foram registradas 2.200 detenções, muitas delas sujeitas a tortura, como espancamentos, choques elétricos, privação de sono, nudez forçada e isolamento
Edmundo González Urrutia comentou a atualização do Relatório da Missão Internacional Independente de Apuração de Fatos da ONU apresentado nesta terça-feira, 17 de setembro.
“Hoje foi apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU um relatório que revela ao mundo a intensificação do aparelho repressivo do Estado, destacando a existência de uma repressão sem precedentes que aprofunda a grave crise de direitos humanos que a Venezuela atravessa”, refere o comunicado.
Na sua opinião, o documento revela a evolução das violações dos direitos humanos no período entre 1 de setembro de 2023 e 31 de agosto de 2024, “sendo as eleições presidenciais de 28 de julho o acontecimento central”.
Crimes contra a humanidade
González acrescentou que “na Venezuela nos encontramos numa situação que, embora seja um padrão de violações contínuas, no contexto pós-eleitoral o regime intensificou dramaticamente os seus esforços para silenciar toda a oposição pacífica (…) desde 28 de julho, foram registradas 2.200 detenções, muitas delas sujeitas a tortura, como espancamentos, choques elétricos, privação de sono, nudez forçada e isolamento.“
A recente repressão já foi caracterizada como crimes contra a humanidade, pela sua intensidade e caráter sistemático, representando um gravíssimo ataque aos direitos fundamentais do povo venezuelano.
“As mortes documentadas, na sua maioria jovens que corajosamente expressaram o seu descontentamento em relação a um regime que ignora o desejo de mudança dos venezuelanos, são aberrantes, tal como o é a detenção de 158 crianças, algumas com deficiência, meninas vulneráveis que apenas querem um futuro de bem-estar“, disse ele.
Ele comentou que “a Missão de apuração de fatos descreve as violações da liberdade de expressão, o medo e a angústia das famílias das vítimas de desaparecimentos forçados e o tratamento cruel e desumano contra os detidos”.
Judiciário como instrumento de repressão
Além disso, González Urrutia reafirmou que o sistema de justiça da Venezuela, liderado pelo Supremo Tribunal de Justiça, está claramente subordinado aos interesses do Poder Executivo, que serve como instrumento fundamental no seu plano de repressão de todas as formas de oposição política e social.
“Mantenho meu compromisso com o mandato que recebi no dia 28 de julho nas urnas e continuarei trabalhando para que todas e cada uma das violações perpetradas no país sejam denunciadas e documentadas por todos os organismos internacionais”.
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