No churrasco de Lula com o STF, a picanha é o povo
Participação de ministros da Suprema Corte brasileira denota uma total subserviência dos magistrados aos atos do Poder Executivo
Em uma democracia saudável, seria absolutamente inaceitável um chefe de Poder Executivo – ainda mais com as características tirânicas de Lula – sentar-se em um convescote de final de semana com integrantes do STF. No Brasil do ‘passapanismo’, porém, todo tipo de absurdo passou a ser considerado normal. Todo mesmo.
Após ter feito uma homenagem a Alexandre de Moraes no desfile cívico-militar de 7 de setembro, Lula convidou o magistrado e outros colegas de tribunal como Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Cristiano Zannin e Luís Roberto Barroso – presidente do STF – para um churrasco vespertino no Palácio da Alvorada.
O cardápio foi a base de costela e feijão tropeiro. O clima? Descontraído, com piadas e indiretas ao ato realizado na avenida Paulista, que pediu o impeachment de Xandão. Teve ministro que comentou, segundo o Estadão: “Alexandre, já já começam as suas homenagens.”
Como registrou o jornal no final de semana, o “convescote no Alvorada evidencia a aliança entre o STF e Lula, que tem feito desagravos a Moraes, alvo preferencial dos bolsonaristas”.
Atente-se a esse termo, caro leitor (a): aliança. Essa aliança foi selada ainda no final do ano de 2022, quando o STF derrubou, a pedido dos partidos satélites do PT, o tal orçamento secreto para, em teoria, garantir uma governabilidade mais substancial ao atual presidente da República. Obviamente não funcionou. Depois seguiu com a abertura de investigações sensíveis aos adversários do Lula (mesmo aqueles que não tinham foro privilegiado) e culminou, ao menos até agora, com a suspensão do X do bilionário Elon Musk.
Voltando ao churrasco dos poderosos, é execrável ver ministros da Suprema Corte brasileira em um momento de confraternização extemporâneo com integrantes do Poder Executivo. Estamos diante de um desvirtuamento abominável do princípio da separação dos três poderes. E não me venham os integrantes do STF argumentar que em uma democracia saudável os poderes dialogam. Há uma diferença entre diálogo e submissão. E o que se viu no final de semana foi um ato de subserviência completa da Suprema Corte em relação aos caprichos do Poder Executivo.
Os juízes que se proclamam independentes, parece que não são tão independentes assim.
A política é feita de símbolos e a confraternização entre o STF e o Planalto mostra que, na realidade, a picanha tão prometida em 2022 é, na verdade, o povo brasileiro.
Ps: em uma democracia sadia, um convescote como esse seria criticado por toda a imprensa. Mas isso é assunto para outra coluna.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)