Reforma trabalhista, novo abalo na relação entre Congresso e STF
Frente Parlamentar do Comércio e Serviços (FCS) coordena reação contra o julgamento que vai revisar normas da reforma trabalhista no STF
A Frente Parlamentar do Comércio e Serviços (FCS) e a União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (UNECS) coordenam reação ao que se consideram mais uma interferência do Supremo Tribunal Federal (STF) nas prerrogativas do Congresso Nacional.
Em nota pública, as entidades expressaram “profunda preocupação” com o julgamento no STF de três Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) que questionam pontos da reforma trabalhista de 2017, o que pode derrubar a validade do contrato intermitente de trabalho.
No Congresso Nacional, a FCS reúne 174 deputados e 19 senadores e é presidida pelo deputado Domingos Sávio (PL-MG). “É evidente que qualquer modificação na reforma ou em seus dispositivos pela via judicial causará insegurança jurídica, gerando demissões e queda na renda e produtividade no mercado de trabalho“, ponderam os membros da Frente.
“Fórum ideal“
Os colegiados que assinam a nota defendem que o Congresso Nacional é “o fórum ideal de representação da sociedade para qualquer alteração neste sentido. Utilizar a Justiça para alterar dispositivos ou modalidades previstas na legislação pode ser interpretado como uma interferência no processo legislativo neste momento, o que é sempre negativo no contexto do equilíbrio entre os Poderes.”
O atrito potencial surge depois da suspensão da execução das emendas parlamentares, mais uma motivador de tensão entre os Poderes. A partir desta quinta-feira, 05, o plenário virtual da Corte vai apreciar as ADIs, que discutem os vínculos empregatícios instituídos pela reforma trabalhista de 2017. Os magistrados têm até o dia 13 de setembro para inserir seus votos no sistema.
“O setor de comércio e serviços – fundamental para a economia brasileira – seria duramente impactado por mudanças abruptas no arcabouço trabalhista em vigor”, afirmam os parlamentares contrários a votação.
Reforma trabalhista
A reforma trabalhista voltou ao centro do debate político no Brasil, reacendendo discussões sobre seus impactos na economia e nas condições de trabalho. Promulgada em 2017, durante o governo de Michel Temer, a reforma alterou mais de 100 pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), prometendo flexibilização e modernização das relações trabalhistas. Contudo, anos depois, o saldo dessa “modernização” ainda é alvo de controvérsias.
Os defensores da reforma afirmam que as mudanças trouxeram mais dinamismo ao mercado de trabalho, facilitando contratações e reduzindo a burocracia para empresas. Pontos como o trabalho intermitente, a negociação direta entre empregador e empregado, e a regulamentação do home office foram vistos como avanços necessários para uma economia globalizada e digital. Economistas liberais defendem que a reforma criou oportunidades, especialmente em um momento de crise econômica e trouxe segurança jurídica para novas formas de trabalho.
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