Relatoria da indicação de Galípolo ao BC está entre dois senadores
Indicado do Planalto para presidir o Banco Central no lugar de Roberto Campos Neto iniciou o processo de beija-mão no Congresso Nacional
O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), confirmou que a relatoria para a indicação de Gabriel Galípolo (foto) à presidência do Banco Central será decidida entre os senadores Ângelo Coronel (PSD-BA) e Jaques Wagner (PT-BA). A informação difere do que foi ventilado pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que garantiu que o posto será do líder petista no Senado.
Uma reunião entre Cardoso, líder do PSD no Senado, o senador Otto Alencar (PSD-BA) e Galípolo, realizada na manhã desta terça-feira, 3, antecipou o beija-mão do indicado pelo governo para suceder Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central.
Vanderlan Cardoso não definiu a data para a sabatina de Galípolo. Segundo ele, a audiência pode ocorrer “no dia 17 de setembro ou após as eleições municipais”.
Indicação palaciana
Sem surpresas e sobressaltos, o governo Lula oficializou o nome de Galípolo, atual diretor de Política Monetária do Banco Central, para a Presidência da instituição.
O anúncio foi feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com quem Galípolo trabalhou no ministério como secretário-executivo. De acordo com o ministro, Lula e Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, conversaram sobre a agenda para a sabatina. Apesar disso, não houve o anúncio de uma data provável.
Galípolo deve passar pelo crivo dos senadores sem qualquer dificuldade e assumir o posto mais importante da autoridade monetária em janeiro do ano que vem, quando termina o mandato do atual presidente do BC.
Missão
No comando da autarquia, o ungido do presidente Lula terá uma missão espinhosa pela frente: acomodar o desejo do petista de juros mais baixo rapidamente e a visão do mercado de que um líder do BC submisso aos anseios políticos prejudica o combate à inflação.
O provável futuro presidente do BC foi o primeiro nome indicado por Lula à autarquia que, em diversas oportunidades, foi apontada pelo petista como uma espécie de bunker bolsonarista para sabotar o governo com juros altos.
A presença de Galípolo no colegiado não diminuiu a pressão contra os indicados de Bolsonaro. Desde a entrada, o atual diretor de Política Monetária pareceu estar alinhado às preferências político-monetárias da maioria dos membros da autarquia e nas votações do Copom (Comitê de Política Monetária) acompanho Roberto Campos Neto em todas menos uma.
Taxa básica de juros
Em 8 de maio, o comitê decidiu reduzir a taxa básica de juros, Selic, em 0,25 ponto percentual, de 10,75% para 10,50% ao ano. Na ocasião, os quatro indicado por Lula, inclusive Galípolo, votaram por um corte maior, de 0,50 ponto percentual.
Embora o posicionamento não tenha afetado o resultado, o receio inicial do mercado sobre uma possível leniência de um BC do Lula foi ressuscitado. De lá para cá, as decisões voltaram a ser unânimes.
Nas últimas semanas, Galípolo passou a falar grosso sobre combate a inflação em busca de credibilidade junto aos agentes de mercado. O discurso tem funcionado e os investidores passaram a precificar uma alta da Selic na próxima reunião da autoridade monetária para discutir a taxa básica de juros.
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