Estudos apontam aditivos em cigarros
O combate ao tabagismo no Brasil enfrenta desafios com produtos de tabaco com aditivos. O crescimento do uso de cigarros eletrônicos preocupa especialistas, levando a um movimento contra o seu uso.
O combate ao tabagismo no Brasil enfrenta desafios constantes, especialmente com a introdução de produtos de tabaco com aditivos que alteram sabor e aroma. Entre 2012 e 2023, a indústria do tabaco inseriu 1.112 produtos com aditivos proibidos, sendo 641 relacionados ao narguilé e 403 a cigarros manufaturados. O estudo, realizado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) em parceria com a Anvisa e a Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), foi publicado na revista Tobacco Control.
A Resolução RDC nº 14/2012, lançada pela Anvisa, tentou reduzir a atratividade de produtos de tabaco, especialmente entre os jovens. O objetivo principal era dificultar a iniciação ao fumo. Contudo, desde então, a indústria do tabaco tem conseguido fragilizar essa medida por meio de ações judiciais, resultando em um aumento significativo na comercialização de produtos derivados do tabaco com aditivos proibidos.
Crescimento do Uso de Cigarros Eletrônicos
Enquanto as disputas sobre os aditivos continuam, o Brasil viu um aumento preocupante no uso de dispositivos eletrônicos para fumar. Conhecidos como vapes ou pods, eles têm uma concentração de nicotina de duas a três vezes maior do que os cigarros convencionais, levando a uma dependência mais intensa. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 1 milhão de brasileiros já experimentaram cigarros eletrônicos, sendo 70% adolescentes e jovens adultos entre 15 e 24 anos.
Essa nova tendência preocupa especialistas. Alfredo Scaff, epidemiologista, observa que a mistura de vape e cigarro tradicional pode resultar em um aumento de casos de câncer de pulmão em idades mais jovens. A Fundação do Câncer prevê uma possível elevação de câncer de pulmão antes dos 50 anos, faixa etária onde antes a doença era menos comum.
O Que É o Movimento VapeOFF?
No Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, a luta contra o tabagismo ganha um novo componente: o Movimento VapeOFF. Esta campanha, promovida pela Fundação do Câncer em parceria com a ANUP Social, busca mobilizar jovens e adultos contra o uso de cigarros eletrônicos. Ações incluem videoaulas para professores, depoimentos de especialistas e paródias nas redes sociais, com o objetivo de sensibilizar a população sobre os riscos do vape.
“O tabagismo é uma doença pediátrica. Estudos mostram que 90% dos tabagistas começam a fumar antes dos 19 anos, por isso é crucial abordar essa questão nas escolas,” explica Luiz Augusto Maltoni, diretor-executivo da Fundação do Câncer.
Quais São os Perigos dos Cigarros Eletrônicos?
Um estudo recente do info.oncollect revelou uma queda na mortalidade por câncer de pulmão de 1% no Brasil, embora tenha havido um aumento de 2% na mortalidade entre mulheres, talvez relacionado ao aumento do tabagismo nessa população. A pesquisa também descobriu que mais de 20% dos jovens estudantes brasileiros já experimentaram o cigarro eletrônico.
Especialistas alertam para o impacto futuro deste hábito, apontando que, além dos riscos ainda desconhecidos para o câncer de pulmão, o uso de vapes está associado ao aumento dos casos de evali, uma lesão pulmonar grave.
Medidas para o Controle do Tabagismo
Para combater o tabagismo, os especialistas defendem a necessidade de retomar campanhas educativas nacionais e reforçar a fiscalização da comercialização de produtos de tabaco, incluindo os eletrônicos. Outras medidas incluem o aumento dos impostos sobre produtos de tabaco, desestimulando assim o consumo.
O preço de um maço de cigarro no Brasil, que custa em média R$ 9,75, é um dos mais baixos do mundo. Em comparação, o mesmo maço custa R$ 33,26 em Portugal, R$ 48,59 na Alemanha e R$ 61,93 na Finlândia. Essa diferença de preços acaba servindo como um incentivo ao consumo.
- Retomar campanhas educativas: Intensificar campanhas nacionais para sensibilizar a população, principalmente os jovens, sobre os perigos do tabagismo.
- Aumentar a fiscalização: Reforçar a fiscalização na comercialização de todos os produtos de tabaco, incluindo os eletrônicos.
- Elevar impostos: Aumentar os impostos sobre produtos de tabaco para desestimular o consumo.
A batalha contra o tabagismo continua, e é essencial que as entidades de saúde, o governo e a sociedade unam forças para enfrentar esse desafio, buscando sempre proteger a saúde pública e reduzir os impactos negativos do tabagismo.
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