Brasileiro quebra recorde em mais um ouro nas Paralimpíadas
Atleta conquistou ouro nos 5.000m T11, estabeleceu novo recorde mundial e, junto com Yeltsin Jacques, garantiu dobradinha para o Brasil
O atleta brasileiro Júlio César Agripino, de 33 anos, brilhou nos Jogos Paralímpicos de Paris ao conquistar a medalha de ouro na prova dos 5.000 metros da classe T11, destinada a atletas com deficiência visual.
Júlio não apenas venceu a competição, mas também estabeleceu um novo recorde mundial, completando a prova em 14 minutos, 48 segundos e 85 centésimos.
O feito marcou a primeira medalha de ouro do Brasil no atletismo nesta edição dos Jogos. Ao seu lado no pódio estava o sul-mato-grossense Yeltsin Jacques, de 32 anos, que levou a medalha de bronze, consolidando a presença brasileira na competição.
Dobradinha brasileira e novo recorde mundial
Júlio Agripino superou não apenas seus adversários, mas também seus próprios limites ao quebrar o recorde mundial e paralímpico na prova de 5.000 metros.
O segundo lugar foi conquistado pelo japonês Kenya Karasawa, que ficou com a prata. “Ser campeão paralímpico e bater o recorde mundial é uma emoção indescritível. Isso mostra a força da periferia, de onde eu venho. Comecei treinando em um campo simples, mas com dedicação e persistência cheguei até aqui. Dedico essa vitória ao meu avô, que sempre me apoiou”, disse Júlio, emocionado após a vitória.
Natural de São Paulo, Júlio foi diagnosticado com ceratocone, uma doença degenerativa da córnea, aos sete anos de idade. Ele começou sua carreira como atleta convencional, mas posteriormente migrou para o paradesporto por meio do Centro Olímpico, onde encontrou o apoio necessário para se desenvolver como atleta de alto rendimento. Em 2024, Júlio havia conquistado a prata na mesma distância durante o Campeonato Mundial de Kobe, ficando atrás de Yeltsin Jacques, que agora compartilhou o pódio com ele em Paris.
Além do ouro nos 5.000 metros, Júlio já havia se destacado ao vencer os 1.500 metros no Mundial de Kobe. Nos próximos dias, ele e Yeltsin disputarão novamente os 1.500 metros, com a semifinal marcada para 2 de setembro e a final no dia 3. A expectativa é alta para mais um excelente desempenho dos brasileiros.
Desafios de Agripino
Júlio destacou a importância do trabalho mental em sua preparação. Ele revelou que sempre enfrentou desafios em manter o foco e a concentração durante as competições, mas que o apoio de sua psicóloga esportiva foi fundamental para a vitória.
“Conversamos na véspera da prova, eu estava um pouco nervoso, mas ela me ajudou a canalizar essa energia de forma positiva. Acordei com a confiança de que venceria, e foi isso que aconteceu”, contou Júlio.
O atletismo é historicamente uma das modalidades mais vitoriosas para o Brasil nos Jogos Paralímpicos, e as vitórias de Júlio e Yeltsin em Paris elevaram o total de medalhas da modalidade para 172, incluindo 49 de ouro.
Yeltsin Jacques, que conquistou sua terceira medalha paralímpica na carreira, também fez história. Em Tóquio 2020, ele ganhou duas medalhas de ouro, uma nos 5.000 metros e outra nos 1.500 metros, além de ser o recordista mundial desta última prova com o tempo de 3 minutos, 57 segundos e 60 centésimos.
A jornada de Yeltsin Jacques
Yeltsin começou sua trajetória no atletismo por um motivo especial: ajudar um amigo com deficiência visual completa a correr. A partir daí, ele descobriu sua própria vocação e passou a treinar, conquistando seus primeiros resultados nos Jogos Paralímpicos Escolares de 2007.
Em Paris, apesar de ter enfrentado contratempos como uma lesão e uma virose durante a preparação, Yeltsin mostrou resiliência e expressou sua satisfação pelo desempenho: “Como minha esposa diz, ou a gente chupa o limão azedo ou faz uma limonada. Estou feliz por ter subido ao pódio junto com Júlio”, comentou.
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