Garimpeiros armados tentam incendiar prefeitura no Amazonas
Ação da PF resulta em destruição de balsas e reação agressiva de garimpeiros, com ataques a prédios públicos e confronto armado
Uma operação conjunta entre a Polícia Federal (PF), Ibama e Funai contra o garimpo ilegal no Rio Madeira, no estado do Amazonas, provocou uma violenta reação de garimpeiros nos últimos dias. Com pedras e armas de pequeno calibre, os criminosos tentaram invadir e incendiar o prédio da prefeitura de Humaitá, na quarta-feira, 22, informou reportagem do O Globo.
Segundo agentes envolvidos na operação, o nível de agressividade surpreendeu as autoridades, que consideram este o primeiro episódio de ataque direto a policiais federais em resposta a uma operação contra o garimpo. Até o momento, 16 pessoas foram presas.
Iniciada na terça-feira, 20, a operação já resultou na destruição de 303 balsas usadas para a prática de garimpo ilegal até a sexta-feira, 23, superando o recorde da operação Draga Zero, realizada no ano anterior, que havia inutilizado 302 balsas na mesma região.
A destruição das balsas gerou uma série de tumultos em Humaitá, cidade localizada às margens do Rio Madeira. Garimpeiros lançaram rojões contra os agentes da PF, que desembarcavam no município, além de incendiarem pneus e trocarem tiros com as autoridades. A situação se agravou ao ponto de os policiais precisarem recuar e retornar aos barcos.
Agressividade dos garimpeiros
A violência dos garimpeiros não é inédita, mas o confronto direto com a Polícia Federal representa uma escalada na ousadia desses grupos. Em anos anteriores, garimpeiros já haviam queimado as sedes do Ibama e ICMBio em Humaitá, mas nunca haviam enfrentado as forças federais com tamanha agressividade.
“Eles estão mais ousados“, afirmou uma fonte envolvida na operação, que preferiu não se identificar. No ataque mais recente, um policial teve a perna ferida por explosivos, enquanto um jovem foi atingido por um tiro. As autoridades ainda não divulgaram informações sobre o estado de saúde das vítimas.
As autoridades agora investigam se há envolvimento de facções criminosas que possam estar financiando e incentivando essa reação violenta dos garimpeiros. A identificação dos responsáveis pelos atos de vandalismo e selvageria é prioridade nas investigações, como explicou o delegado Torquato Mozer, da Polícia Civil do Amazonas. “O trabalho agora, com essas 16 pessoas detidas, é identificar quem coordenou as atividades de vandalismo que ocorreram na cidade“, disse Mozer.
Histórico de Confrontos
Este ataque se soma a uma série de reações violentas de garimpeiros contra operações de fiscalização. Em maio deste ano, outro protesto resultou na queima de pneus e bloqueios em rodovias após a destruição de 50 balsas de garimpo no Rio Madeira. Em 2017, garimpeiros foram suspeitos de incendiar prédios do Ibama e ICMBio. A operação atual, chamada Operação Prensa, tem previsão de continuidade até o final do mês, com foco na destruição das balsas restantes no Rio Madeira e em seus afluentes Aripuanã e Manicoré.
A Funai destacou que a operação beneficia cerca de 15 mil indígenas em seis territórios tradicionais localizados na região. O garimpo ilegal tem causado sérios danos ambientais, poluindo as águas do rio e afetando a saúde e a segurança alimentar das comunidades indígenas. Além disso, os garimpeiros têm invadido terras indígenas, introduzindo álcool e drogas nas aldeias, o que desestrutura social e culturalmente os povos indígenas. Há também denúncias de assédio praticado por garimpeiros contra jovens indígenas.
A Coordenação Regional da Funai em Manaus ressaltou que a presença robusta da autarquia na região visa garantir o usufruto sustentável e exclusivo dos territórios indígenas, pressionados há anos pela atividade garimpeira.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)