Bolsonaro é um cabo eleitoral ruim ou Nunes é um produto complicado?
Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 22, pôs em xeque a capacidade de Jair Bolsonaro de transferir votos para seus principais aliados políticos
A pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 22, pôs em xeque a capacidade de Jair Bolsonaro de transferir votos para seus principais aliados políticos. Mais precisamente para o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).
Mesmo com vídeos públicos e a declaração oficial de voto por parte do ex-presidente, Nunes teve um desempenho tacanho diante de outros candidatos. Em aproximadamente duas semanas, o prefeito de São Paulo caiu quatro pontos percentuais. O ex-coach Pablo Marçal cresceu sete pontos percentuais.
Como mostramos no início desta quinta-feira, o clã Bolsonaro deflagrou uma guerra contra o influenciador após o empresário criticar publicamente o apoio do ex-presidente a Nunes e depois que Marçal tentou manipular vídeos de integrantes da família.
Nesta quinta, a troca de farpas ganhou contornos de briga de rua. O ex-presidente e ex-coach discutiram publicamente nas redes sociais com direito a cobranças públicas por parte de Marçal.
“Coloquei 100 mil reais na sua campanha pra presidente, te ajudei nas estratégias digitais, fiz você gravar mais de 800 vídeos no Planalto. Entrei na lista de investigados da PF por te ajudar”, disse o influenciador após ser provocado pelo ex-presidente da República.
Nas redes sociais, apoiadores de Jair Bolsonaro têm questionado se o capitão reformado, de fato, fez uma boa escolha ao endossar a campanha de Nunes. Um de seus principais aliados, o deputado Ricardo Salles (Novo), foi além e disse que era “o único que realmente iria defender” o antigo chefe do Poder Executivo.
Os dados mostram, até o momento, que declarar voto não basta. O eleitor bolsonarista pode até acatar a ordem do capitão, mas o beneficiário das bênçãos do ex-presidente precisa fazer a sua parte: rezar a cartilha do grupo, acatar as mesmas bandeiras, enveredar pelos mesmos princípios.
Marçal não tem as bênçãos de Bolsonaro, mas cooptou o eleitor da direita mais radical por se colocar como um antissistema, quase um anarquista político, e por defender bandeiras caras a esse grupo como o fim do aborto, o fim da ideologia de gênero, entre outras.
De fato, o fenômeno Marçal pôs em xeque a capacidade real de Jair Bolsonaro transferir votos. Mas aqui o problema não é quem vende, mas o produto em si.
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