Irã: “Vai ter retaliação, mas pode demorar”
Porta-voz da Guarda Revolucionária iraniana sugere que resposta ao assassinato de líder do Hamas em Teerã será calculada e precisa
O porta-voz da Guarda Revolucionária do Irã, Alimohammad Naini, afirmou que a retaliação ao assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, ocorrido em Teerã no final de julho, poderá demorar. “O tempo está a nosso favor, e o período de espera por essa resposta pode ser longo”, declarou Naini nesta terça-feira.
O Oriente Médio está em alerta desde o ataque que tirou a vida de Haniyeh, cuja responsabilidade foi atribuída a Israel, embora o governo israelense não tenha confirmado nem negado envolvimento. Naini sublinhou que a resposta do Irã será “calculada e precisa”, mas não necessariamente uma repetição de operações passadas.
Os Estados Unidos têm pressionado aliados com relações com o Irã para que incentivem uma desescalada das tensões na região. Enquanto isso, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, está em visita ao Oriente Médio, buscando avanços para um cessar-fogo em Gaza. No entanto, Naini expressou ceticismo em relação às ações dos EUA, afirmando que Teerã apoia qualquer movimento que ponha fim ao conflito em Gaza, mas não considera as iniciativas americanas sinceras. “Vemos os EUA como parte da guerra em Gaza”, disse o porta-voz.
Conheça a Guarda Revolucionária Iraniana
A Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, conhecida oficialmente como Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), é uma força militar de elite criada logo após a Revolução Islâmica de 1979. Sua missão original era proteger o novo regime iraniano contra ameaças internas e externas, mas com o tempo, o IRGC se tornou uma das instituições mais poderosas e influentes do país.
Fundada pelo Aiatolá Ruhollah Khomeini, líder da Revolução Islâmica, a Guarda Revolucionária foi concebida como uma força paralela ao exército regular iraniano, com o objetivo de garantir a lealdade das Forças Armadas ao novo governo islâmico. Ao longo dos anos, o IRGC expandiu suas funções, assumindo um papel central na defesa do país e na manutenção da ordem interna.
A Guarda é composta por várias ramificações, incluindo a Força Quds, responsável pelas operações extraterritoriais e pela exportação da ideologia revolucionária iraniana; a Basij, uma força paramilitar de voluntários que atua em segurança interna e mobilização popular; e a Marinha e Força Aérea do IRGC, que operam de forma independente das forças armadas convencionais do Irã.
Além de sua influência militar, a Guarda Revolucionária exerce um poder significativo na política e na economia iranianas. Seus comandantes ocupam cargos-chave no governo, e o IRGC controla uma vasta rede de empresas e fundações que operam em setores estratégicos como energia, construção civil, e telecomunicações. Essa influência econômica fortaleceu a posição do IRGC dentro do Irã, tornando, na prática, um estado dentro do Estado.
A Guarda Revolucionária tem estado na linha de frente dos principais conflitos envolvendo o Irã, desde a guerra com o Iraque nos anos 1980 até o apoio a grupos como o Hezbollah no Líbano, as milícias xiitas no Iraque e o regime de Bashar al-Assad na Síria. A Força Quds, em particular, tem sido vital para as operações do Irã fora de suas fronteiras, desempenhando um papel crucial na expansão da influência iraniana no Oriente Médio.
O IRGC também é acusado por governos ocidentais de estar envolvido em atividades terroristas e de apoiar grupos militantes em várias partes do mundo, o que levou à sua designação como organização terrorista pelos Estados Unidos em 2019.
A Guarda Revolucionária continua sendo uma força dominante no Irã, tanto militarmente quanto politicamente. Sua capacidade de moldar a política interna e externa do país faz dela um ator essencial na dinâmica do Oriente Médio.
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