O Tesla com metralhadora enviado a um ditador
Envolvimento de Musk na guerra na Ucrânia ganha novo capítulo após o ditador Ramzan Kadyrov agradecer publicamente pelo Tesla
O envolvimento de Elon Musk na guerra da Ucrânia, especialmente através do fornecimento de internet via satélite pelo sistema Starlink, ganhou uma nova dimensão neste fim de semana. A controvérsia veio à tona quando o ditador tchetcheno, Ramzan Kadyrov, agradeceu publicamente a Musk por ter recebido um Cybertruck, a futurista picape da Tesla, empresa do bilionário americano.
Em um vídeo postado no Telegram no último sábado, 17, Kadyrov foi visto dirigindo o Cybertruck pelas ruas de Grozni, capital da Tchetchênia. O que chamou ainda mais atenção foi a presença de uma metralhadora montada na caçamba do veículo, registrou reportagem da Folha de S. Paulo.
“Expresso minha sincera gratidão a Elon Musk! Ele é o gênio mais brilhante de nosso tempo. Elon, obrigado! Venha para Grozni, eu o receberei como um convidado de honra! Não acredito que o Ministério das Relações Exteriores da Rússia se oponha a tal visita“, declarou Kadyrov no vídeo.
Musk responde com desdém nas redes sociais
Musk não demorou a responder. Ainda no sábado, ele fez uma publicação no X, antigo Twitter, para reagir de maneira contundente. “Vocês são tão ingênuos ao acreditar que eu doei um Cybertruck para um general russo? Isso é absurdo“, afirmou, mantendo seu estilo irreverente.
Além disso, Musk passou o restante do fim de semana criticando duramente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, e comparando-o ao vilão Voldemort, da série Harry Potter, devido ao fechamento do escritório do X no Brasil.
Musk ainda acusou a mídia de fabricar a história do Cybertruck, apesar de ter ignorado o fato de que o vídeo foi divulgado pelo próprio Kadyrov. Em tom de brincadeira, sugeriu que o vídeo poderia ter sido criado utilizando inteligência artificial. No entanto, a origem do Cybertruck em Grozni levanta questões importantes.
Mesmo com as sanções ocidentais impostas à Rússia devido à guerra, bens ainda conseguem entrar no país por rotas indiretas, envolvendo países intermediários. Kadyrov, que mantém estreitos laços com as monarquias do Golfo, especialmente os Emirados Árabes Unidos, poderia ter usado essas conexões para adquirir o veículo.
A chegada de veículos americanos à Tchetchênia
Recentemente, o líder tchetcheno compartilhou imagens de uma nova frota de picapes americanas Ram, que estão em uso pelas forças de segurança da república. A origem dessas picapes permanece um mistério.
Quanto ao Cybertruck, que nos Estados Unidos custa cerca de US$ 100 mil (aproximadamente R$ 546 mil), Kadyrov foi só elogios. “Não é por acaso que ele é chamado de Cyberbesta. Um verdadeiro animal, invulnerável e rápido. Com essas características, o Cybertruck será em breve enviado para a ‘operação militar especial’, onde trará muitos benefícios aos nossos soldados“, declarou, utilizando o termo oficial do governo russo para se referir à guerra na Ucrânia.
Ramzan Kadyrov, que está no poder desde 2007 após suceder seu pai, Akhmat Kadyrov, consolidou seu domínio na Tchetchênia de maneira brutal. Após o colapso da União Soviética, a Tchetchênia se tornou um símbolo de resistência separatista contra Moscou. De 1994 a 1996, a Rússia enfrentou uma guerra desastrosa contra os rebeldes tchetchenos.
Em 1999, o então recém-nomeado premiê Vladimir Putin relançou a guerra de maneira decisiva, instalando Kadyrov pai como líder da república.
A dualidade do governo do ditador Kadyrov
Desde então, Kadyrov filho consolidou seu poder, reprimindo insurgências e qualquer forma de oposição, incluindo ativistas de direitos humanos e a comunidade LGBTQIA+.
Sua influência no Golfo Pérsico trouxe investimentos significativos para a região, transformando Grozni de uma cidade devastada em uma metrópole que alguns chamam de “pequena Dubai”.
Na atual guerra na Ucrânia, as forças tchetchenas participaram de várias operações, embora sua reputação de soldados ferozes tenha sido questionada em alguns momentos.
Enquanto isso, o papel de Musk continua a gerar polêmicas, especialmente após sua decisão de restringir o uso do Starlink para evitar uma escalada nuclear no conflito, o que levantou discussões sobre o controle privado das comunicações militares em tempos de guerra.
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