Lula boquirroto faz brasileiro pagar com alta dos juros
BC está cada vez mais pressionado a provar compromisso de indicados do petista com combate a inflação. A resposta é Selic mais alta
Recentemente, o presidente do do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Monetária da autarquia, Gabriel Galípolo, têm adotado um tom mais duro sobre o futuro do combate a inflação por parte da autoridade monetária. As falas dos últimos dia alteraram substancialmente as expectativas sobre a taxa básica de juros, Selic.
O motivo para isso é promover um choque de credibilidade em prol do novo BC, que terá maioria de indicados por Lula a partir de janeiro do ano que vem. Após meses do petista martelando sobre uma conspiração de sabotadores da economia brasileira na autarquia, personalizados na figura de Campos Neto (indicado de Bolsonaro), a desconfiança sobre o compromisso dos indicados do Planalto com o combate à inflação ficou bem mais cara para o brasileiro, que vai pagar em taxa de juros mais alta.
Até o início da semana passada, o consenso de mercado era de que haviam chances não desprezíveis de uma alta de 0,25 ponto percentual na Selic na próxima reunião do colegiado, em setembro. A curva futura de juros marcava 24 pontos base de alta. Enquanto, as opções de Copom da B3 apontavam para uma probabilidade de 59% de manutenção da taxa nos atuais 10,50% ao ano.
Desde então, Campos Neto e Galípolo têm sido bastante vocais sobre a desancoragem das expectativas de inflação; sobre a assimetria no balanço de riscos do BC indicando perigos mais relevantes de alta da pressão sobre os preços; e sobre o compromisso da autarquia em buscar a meta de 3% de inflação.
Campos Neto garantiu, na semana passada, que o objetivo está “sedimentado” no grupo de diretores, em uma indicação clara de que o tema não deve sofrer interferência do Planalto, mesmo após a maioria do colegiado ser composta por indicados do presidente Lula.
Galípolo, ungido do petista e favorito a ocupar a cadeira de presidente do BC a partir de janeiro de 2025, também tratou de afastar as preocupações de que poderia adotar uma postura mais leniente no combate à inflação. Em eventos públicos, deixou claro que a autoridade monetária fará o que for necessário para atingir o objetivo e que o governo deve alterar a meta se entende que os juros precisam ser mais baixos.
O próprio Lula baixou o tom e, para evitar um cavalinho de pau retórico, tem adotado a ambiguidade como arma. Falando à Rádio Gaúcha, na sexta-feira, 16, sobre o próximo presidente do BC, o petista adaptou o discurso contra os juros altos e a sabotagem de Campos Neto contra o Brasil via manutenção da Selic em 10,50% a.a..
“A pessoa que vou indicar (ao BC) tem de ter muito caráter, muita seriedade e muita responsabilidade. A pessoa que eu indicar não deve favor ao presidente da República. A pessoa que eu vou indicar é uma pessoa que vai ter compromisso com o povo brasileiro. Na hora que precisar reduzir a taxa de juros, ele vai ter de ter coragem de dizer que vai reduzir. Na hora que vai aumentar, ele vai ter de ter a mesma coragem de dizer que vai aumentar“, afirmou Lula.
O mercado leu os sinais e revisou as expectativas para os juros. Se, há cerca de uma semana, a expectativa era sobre a manutenção ou não da Selic no patamar atual, a conversa agora passou a ser de quanto será o aumento. Na curva futura, estão precificados 32 pontos base de alta, o que significa que, na visão do mercado, 0,25 ponto percentual de aumento é o mínimo que acontecerá com a Selic em setembro. As opções de Copom agora apontam 38% de probabilidade de aumento de 0,25 p.p., seguido 32% de chances de um aumento de 0,5 p.p. e apenas 30% de manutenção da taxa.
O problema é que, dado o estrago que o petista fez à credibilidade dos indicados por ele ao BC, é cada vez mais necessário que a autoridade monetária aumente os juros só para mostrar que não tem amarras políticas.
O proselitismo irresponsável de Lula tornou a vida de todos os brasileiros mais cara.
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