Silvio Santos inelegível… obrigado, TSE!
A classe política não deixou o apresentador ser candidato, mas isso evitou que o país perdesse o maior comunicador de sua história
Silvio Santos, que nos deixou neste sábado, 17, era um vendedor de sonhos. Nos proporcionava, semanalmente, o direito de sonhar… quer seja em programas como Porta da Esperança, Topa Tudo por Dinheiro ou Namoro na TV…
Mas quero falar de outro sonho que o Silvio nos permitiu sonhar. O ano era 1989… primeira eleição direta após a ditadura militar. O Brasil vivia anos de instabilidade política e um candidato com perfil extremamente radical chamado Luiz Inácio Lula da Silva despontava como possibilidade concreta de conduzir o país em tempos de inflação galopante em um processo incipiente de redemocratização.
Diante desse cenário, o ex-senador e ex-deputado federal Marcondes Gadelha (PB) vislumbra uma ideia absolutamente fora da curva, parafraseando o presidente do STF Luís Roberto Barroso: lançar a candidatura de Silvio Santos à Presidência da República. Na época, a aventura política foi patrocinada pelos então senadores do finado PFL Hugo Napoleão (PI) e Edison Lobão (MA).
Durante aquele processo eleitoral, Silvio assumiu o lugar de Armando Correia do nanico Partido Municipalista Brasileiro (PMB). Na época, Sílvio tinha aproximadamente 30% das intenções de voto, conforme as principais pesquisas. Era um fenômeno.
Mas, como ocorre com certa frequência em Brasília, o ‘sistema’ não deixou Silvio ser candidato. O nanico PMB não conseguiu comprovar a realização de convenções regionais para constituir a sigla em pelo menos nove estados. A candidatura de Silvio Santos foi indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após a Corte extinguir o registro provisório do PMB.
Além disso, o TSE considerou Sílvio inelegível por ser dono de um dos maiores canais de televisão do país, o que poderia desequilibrar o pleito daquele ano na visão da Corte. Com Silvio fora do páreo, o resto é história.
O fato é que até na política, Silvio foi pioneiro. O brasileiro, naquele ano, não acreditava muito na política e Silvio representava muito esse sentimento. O tempo passou, o mundo assistiu a eleições de grandes comunicadores como Donald Trump, nos Estados Unidos ou de Volodymyr Zelensky, na Ucrânia; o Brasil assistiu à eleição de um então deputado federal fora do circuito tradicional por uma sigla nanica, Jair Bolsonaro… todos (em maior ou menor grau) eram considerados outsiders.
O fato é que o Brasil teve um outsider na política para chamar de seu antes mesmo da popularização desse termo. Se o nosso país perdeu um grande presidente da República, nunca saberemos. Mas, pelo menos, o Brasil não perdeu para a política o maior comunicador de sua história.
Sob este aspecto, obrigado TSE.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)