O duelo entre Elon Musk e a União Europeia
O impasse entre Musk e o bloco marca um momento crítico na batalha da UE para agir contra poderosas plataformas online
A Europa adotou uma abordagem mais dura para regular plataformas digitais do que os EUA, que são tradicionalmente mais afeitos à liberdade de expressão e recentemente. O Digital Services Act (DSA) da UE trouxe ao bloco novos poderes para impor regras abrangentes em áreas como desinformação e publicidade.
A aquisição do Twitter, por Musk, quase dois anos atrás, gerou preocupação na Europa, quando ele cortou seus moderadores, restaurou contas banidas anteriormente e aumentou suas próprias postagens políticas.
A UE aguçou tais preocupações com a capacidade de Elon Musk exercer poder sobre a plataforma de mídia social X quando desinformações e deepfakes ajudaram a alimentar a discórdia política e um surto de tumultos no Reino Unido.
Nesse contexto, o impasse entre Musk e o bloco marcou um momento crítico na batalha da UE para agir contra poderosas plataformas online.
Pressão sobre Musk
O comissário de mercado interno da UE, Thierry Breton, postou esta semana uma carta no X horas antes de o bilionário entrevistar o candidato presidencial dos EUA, Donald Trump, na plataforma, ameaçando o “uso total” de sanções sob o DSA se Musk não conseguisse coibir “conteúdo ilegal”.
Tanto Musk quanto a campanha de Trump reagiram com raiva. Musk postou um meme do filme Tropic Thunder indicando a Breton que ele deveria “dar um grande passo para trás e literalmente foder sua própria cara”.
Musk se apresentou como um defensor da liberdade de expressão via X e criticou o que chamou de censura sob o DSA, enquanto a campanha de Trump disse após a carta de Breton: “A União Europeia é inimiga da liberdade de expressão e não tem autoridade de nenhum tipo para ditar como fazemos campanha”.
A intervenção de Breton foi rapidamente desmentida pela Comissão Europeia, que disse que o “momento e a redação da carta não foram coordenados ou acordados” com os colegas comissários. Autoridades da UE disseram em particular que temiam que a carta de Breton pudesse ter sido contraproducente e provocasse ainda mais o bilionário incendiário.
Musk e os tumultos no Reino Unido
Elon Musk tem 194 milhões de seguidores, o que o torna a pessoa mais seguida no X.
Musk espalhou grandes quantidades de conteúdo relacionado a um surto de tumultos no Reino Unido este mês, incluindo piadas dirigidas ao primeiro-ministro Keir Starmer e sugestões de que o país estava priorizando a proteção de muçulmanos e minorias em vez de manifestantes brancos.
Ken Daly, um advogado antitruste da Sidley Austin, disse que a comissão europeia estava envolvida em um “jogo constante de gato e rato” com as empresas e tinha que ter cuidado para não parecer “totalmente antiempresarial, ameaçando expulsar empresas grandes e populares”. “[Musk] está obviamente sendo provocativo e desafiando a comissão a ir mais longe”, acrescentou.
Uma fonte do governo do Reino Unido disse que não havia “nenhuma vontade de brigar com Musk sobre X”, como Breton fez, e que o Reino Unido estava focado em fazer a plataforma responder quando postagens preocupantes fossem sinalizadas pela equipe de desinformação do governo.
A pessoa disse que a empresa demorou a responder a algumas solicitações para remover conteúdo preocupante, mas se empenhou em diminuir a visibilidade de outras postagens.
O ministro da segurança, Tom Tugendhat, disse que alguns dos comentários de Musk foram “ilusórios” e “simplesmente falsos”, mas estava além da competência do governo do Reino Unido tentar repreendê-lo ou sancioná-lo, visto que sua empresa opera no exterior e é responsável perante seus acionistas — neste caso, ele próprio.
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